São Paulo – O PT lançou nesta quarta-feira (16) a história em quadrinhos Lula: da perseguição à esperança renovada. Trata-se de uma adaptação do livro Memorial da Verdade, produzido pelo jornalista Ricardo Amaral, que narra a perseguição judicial sofrida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A HQ reconta os principais acontecimentos desde março de 2014, a partir do surgimento da Operação Lava Jato em Curitiba, e vai até 8 de novembro de 2019, quando Lula sai pela porta da frente da carceragem da Polícia Federal, após passar 580 dias preso.

Como pano de fundo, um país em decomposição, com a soberania atacada e a economia destruída, levando ao aumento do desemprego e da informalidade. A história em quadrinhos relembra o início da Lava Jato e passa pelo golpe de 2016, com o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, “com o Supremo, com tudo”. Com destaque para o voto do então deputado Jair Bolsonaro louvando o torturador da ditadura Carlos Alberto brilhante Ustra.

Na apresentação, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o secretário de Comunicação, Jilmar Tatto, afirmam que a obra serve para “levar à verdade, contra as mentiras muitas vezes repetidas”. “A perseguição judicial que Lula, Dilma e o Partido dos Trabalhadores passaram foi enfrentada com muita dificuldade pelo povo brasileiro. Os golpes judiciários e midiáticos destruíram o Brasil, inclusive todos os avanços sociais e econômicos que os governos Lula e Dilma promoveram no país”, observa o texto.

O HQ teve direção criativa da Equipe Comunicação PT Nacional; edição de Vitor Teixeira e Rôney Rodrigues; roteiro de Rôney Rodrigues; pesquisa e checagem de dados de Carolina Rieger e arte final de Vitor Teixeira. A capa é de Vitor Teixeira e Bira Evaristo. Tanto o livro como a HQ podem ser baixados no site do Memorial da Verdade.

A perseguição

O ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol aparecem como vilões da trama que impediu Lula de disputar as eleições de 2018, quando liderava a disputa. Desse modo, eles recebem dos Estados Unidos, por meio de cooperação ilegal, as diretrizes do processo de lawfare (guerra jurídica) movido contra Lula. Além disso, contam com o apoio irrestrito da mídia comercial, que endossa a ilegalidades cometidas no processo.

Em março de 2016, a primeira grande investida de Moro contra Lula, quando o ex-presidente foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento no aeroporto de Congonhas. Um avião da PF estava de prontidão para levar o ex-presidente a Curitiba. Mas o plano foi abortado em função da mobilização dos apoiadores do líder petista. No final daquele ano, “perseguidor e perseguido” têm o primeiro encontro cara a cara. Em 2017, novo depoimento de Lula na Lava Jato.

Em 2018, Moro decide condenar o ex-presidente, por “atos indeterminados”, no processo do apartamento do Guarujá. Posteriormente a sua condenação é referendada pelo Turma do Tribunal Regional Federal (TRF4), em Porto Alegre. Nesse meio tempo, Lula sai em caravana pelo país. No interior do Paraná, o ônibus da comitiva é alvo de um atentado a tiro. Quando o STF vai analisar a legalidade do pedido de prisão, sem condenação em última instância, é pressionado pelo general Eduardo Villas Boas a manter a condenação. Acuada pela sombra das armas, a Justiça então emite o mandado de prisão contra Lula.

O ex-presidente segue, então, para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, rodeado por uma multidão de militantes que pretendem resistir à prisão. Lula então decide se entregar. Para, assim, provar a sua inocência debaixo dos olhos de Moro e dos perseguidores da Lava Jato.

A virada

O advogado Cristiano Zanin trava então uma dura batalha para revelar as ilegalidades cometidas contra o ex-presidente. A militância se reúne às portas da PF, numa vigília que durou todo o período em que Lula esteve preso. Enquanto esteve preso, Lula também recebeu visitas de uma série de personalidades e lideranças mundiais.

Até que um hacker teve acesso a conversas entre Moro e os procurados que comprovavam o conluio montado contra Lula. O The Intercept Brasil, publicou essas mensagens na série conhecida como Vaza Jato. Com os crimes de Moro expostos, o STF decide então revogar a prisão em segunda instância. Em 8 de novembro de 2019, Lula finalmente sai da prisão. Em março de 2021, o STF declara Moro incompetente para julgar Lula. De lá para cá, Lula obteve 24 vitórias na Justiça. E se prepara para ser candidato em 2022, novamente liderando todas as pesquisas, com larga vantagem até o momento.