Debate na Band

Lula ataca Bolsonaro: ‘Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira’

Apesar de ameaçar ministros da STF desde antes de eleito em 2018, Bolsonaro afirmou que não fará proposta de mexer na composição da Corte, se eleito

Reprodução
Reprodução
Para Lula, “tentar mexer na ‘suprema corte’ para colocar amigo, companheiro, é um atraso

São Paulo – No segundo bloco do debate entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os candidatos à presidência responderam perguntas dos jornalistas. A discussão sobre fake news e mentiras dominou o bloco. “A mentira faz parte da vida dele. Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira”, disse Lula. Por coincidência, Vera Magalhães, da TV Cultura, atacada por Bolsonaro no debate da emissora no primeiro turno, fez a primeira pergunta desse segmento do programa.

A jornalista tratou da separação entre os poderes da República e da defesa de mudar a composição do Supremo Tribunal Federal, disseminada por bolsonaristas. “A medida é defendida por alguns para combater supostos abusos do Judiciário, mas são vistas como ameaças à democracia”, disse Vera. Ela quis saber se os presidenciáveis respeitarão a Constituição em relação à separação das atribuições de Legislativo, Executivo e Judiciário, se eleitos.

Lula lembrou que houve, na ditadura instaurada em 1964, a tentativa de mudar a composição do STF. “Castelo Branco mudou de 11 pra 17 ministros. Depois tirou 5 de que não gostava e ficaram só os que queria.”

O petista afirmou  que não considera “prudente e democrático” um presidente querer nomear ministros do Supremo “como amigos: eles têm que ter currículo, história, biografia”, disse Lula. O candidato do PT acrescentou que “tentar mexer na ‘suprema corte’ para colocar amigo, companheiro, é um atraso, retrocesso que a República brasileira já conhece”.

Apesar de ele e aliados – incluindo os filhos – ameaçarem ministros da Corte e o próprio tribunal desde antes de se eleger em 2018 –, Bolsonaro afirmou que “de minha parte, está feito o compromisso, não terá nenhuma proposta” (de mudar a composição do STF). Como em todo o debate, ele atacou o PT dizendo que o partido “tem 7 ministros indicados” (entre os 11 do tribunal), enquanto o atual governo tem dois (André Mendonça e Nunes Marques).

Petrobras

No bloco de perguntas de jornalistas, os candidatos foram chamados a falar sobre a Petrobras. Bolsonaro respondeu primeiro, dizendo que “a pandemia, o fica-em-casa, a guerra lá fora, explodiu (sic) os preços dos combustíveis no mundo todo”.

Sem citar o nome do ministro da Economia, Lula lembrou a política econômica de Paulo Guedes e afirmou que o Brasil deixou de refinar petróleo com a privatização das subsidiárias, assim como deixou de fazer a distribuição com a privatização da BR Distribuidora. “Hoje nós temos 392 empresas importando gasolina sem pagar imposto e com o preço dolarizado”, disse. “O governo dele privatizou os gasodutos e hoje a gente paga 3 bilhões de aluguel para usar gasodutos.”

Fake news

A jornalista Patrícia Campos Mello – outra mulher da profissão atacada pelo bolsonarismo e pelo presidente desde 2018 – introduziu o tema fake news no debate. Segundo ela, notícias falsas “divulgadas por autoridades eleitas e autoridades do governo prejudicam a implementação de politicas públicas e o debate eleitoral se transformou numa guerra suja”.

Lula citou “36 processos” em que o TSE tirou propagandas de Bolsonaro das redes. Mencionou ter participado de campanha contra Fernando Henrique Cardoso, Fernando Color e José Serra. “O nível era civilizado, a verdade prevalecia, a gente debatia economia, trabalho e salário”, disse o petista. “A mentira faz parte da vida dele. Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira.”