Lula ataca Bolsonaro: ‘Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira’
Apesar de ameaçar ministros da STF desde antes de eleito em 2018, Bolsonaro afirmou que não fará proposta de mexer na composição da Corte, se eleito
Publicado 16/10/2022 - 22h28
São Paulo – No segundo bloco do debate entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os candidatos à presidência responderam perguntas dos jornalistas. A discussão sobre fake news e mentiras dominou o bloco. “A mentira faz parte da vida dele. Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira”, disse Lula. Por coincidência, Vera Magalhães, da TV Cultura, atacada por Bolsonaro no debate da emissora no primeiro turno, fez a primeira pergunta desse segmento do programa.
A jornalista tratou da separação entre os poderes da República e da defesa de mudar a composição do Supremo Tribunal Federal, disseminada por bolsonaristas. “A medida é defendida por alguns para combater supostos abusos do Judiciário, mas são vistas como ameaças à democracia”, disse Vera. Ela quis saber se os presidenciáveis respeitarão a Constituição em relação à separação das atribuições de Legislativo, Executivo e Judiciário, se eleitos.
Lula lembrou que houve, na ditadura instaurada em 1964, a tentativa de mudar a composição do STF. “Castelo Branco mudou de 11 pra 17 ministros. Depois tirou 5 de que não gostava e ficaram só os que queria.”
O petista afirmou que não considera “prudente e democrático” um presidente querer nomear ministros do Supremo “como amigos: eles têm que ter currículo, história, biografia”, disse Lula. O candidato do PT acrescentou que “tentar mexer na ‘suprema corte’ para colocar amigo, companheiro, é um atraso, retrocesso que a República brasileira já conhece”.
Apesar de ele e aliados – incluindo os filhos – ameaçarem ministros da Corte e o próprio tribunal desde antes de se eleger em 2018 –, Bolsonaro afirmou que “de minha parte, está feito o compromisso, não terá nenhuma proposta” (de mudar a composição do STF). Como em todo o debate, ele atacou o PT dizendo que o partido “tem 7 ministros indicados” (entre os 11 do tribunal), enquanto o atual governo tem dois (André Mendonça e Nunes Marques).
Petrobras
No bloco de perguntas de jornalistas, os candidatos foram chamados a falar sobre a Petrobras. Bolsonaro respondeu primeiro, dizendo que “a pandemia, o fica-em-casa, a guerra lá fora, explodiu (sic) os preços dos combustíveis no mundo todo”.
Sem citar o nome do ministro da Economia, Lula lembrou a política econômica de Paulo Guedes e afirmou que o Brasil deixou de refinar petróleo com a privatização das subsidiárias, assim como deixou de fazer a distribuição com a privatização da BR Distribuidora. “Hoje nós temos 392 empresas importando gasolina sem pagar imposto e com o preço dolarizado”, disse. “O governo dele privatizou os gasodutos e hoje a gente paga 3 bilhões de aluguel para usar gasodutos.”
Fake news
A jornalista Patrícia Campos Mello – outra mulher da profissão atacada pelo bolsonarismo e pelo presidente desde 2018 – introduziu o tema fake news no debate. Segundo ela, notícias falsas “divulgadas por autoridades eleitas e autoridades do governo prejudicam a implementação de politicas públicas e o debate eleitoral se transformou numa guerra suja”.
Lula citou “36 processos” em que o TSE tirou propagandas de Bolsonaro das redes. Mencionou ter participado de campanha contra Fernando Henrique Cardoso, Fernando Color e José Serra. “O nível era civilizado, a verdade prevalecia, a gente debatia economia, trabalho e salário”, disse o petista. “A mentira faz parte da vida dele. Ele levanta de madrugada para fazer live e contar mentira.”