Desmoralização

Cineasta chama Moro de ‘Tchutchuca de genocida’ em grupo de WhatsApp

Lucas Mesquita tem sido perseguido pelo ex-juiz, criticado no grupo por sua participação como assessor de Bolsonaro em debate presidencial. Moro não gostou de ser chamado de parcial, mesmo tendo sido juiz que condenou Lula, oponente de seu aliado

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Ex-ministro de Bolsonaro, que deixou cargo denunciando intervenção na Polícia Federal, Moro reapareceu como assessor

São Paulo – O cineasta Lucas Mesquita chamou Sergio Moro de “Tchutchuca de genocida” após ser perseguido pelo ex-juiz, que tentou bani-lo de um grupo de WhatsApp que reúne grandes empresários e políticos apoiadores da chamada terceira via e do qual ambos fazem parte. Mesquita é um dos críticos da presença do ex-juiz como assessor do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no debate presidencial realizado no último domingo (16).

Em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (19), Mesquita disse que durante o debate iniciou conversa no grupo com mensagens críticas à atuação de Moro como assessor de Bolsonaro, a quem criticou duramente ao deixar o governo em 2020. Na época, o ex-ministro da Justiça bolsonarista deixou o governo denunciando intervenção presidencial na Polícia Federal, que é subordinada à pasta, para favorecer familiares, e que chegou a chamar o chefe de “ladrão da rachadinha”.

O cineasta também ponderou, na entrevista, que a presença de Moro ao lado de Bolsonaro e contra Lula, réu na Operação Lava Jato, expunha a parcialidade de Moro no julgamento do petista. E que em determinado momento do debate no grupo, o próprio Moro, ainda no debate, passou a responder aos comentários.

Chegou a questionar se Lula, caso eleito, daria autonomia para a Polícia Federal e para o Ministério Público. E que como só havia dois candidatos, Lula era “inaceitável sob todos os aspectos” – o que explicaria seu apoio a Bolsonaro.

Em mensagem endereçada ao ex-juiz na segunda-feira (17), à qual a RBA teve acesso, o cineasta diz que não lhe deve desculpa alguma. E que Moro, sim, deve desculpas ao Brasil. “Você é o pai e a mãe de Jair Bolsonaro. Você pariu o GENOCIDA que matou centenas de milhares de brasileiras e brasileiros”, escreveu, referindo-se aos mais de 687 mil mortos pela covid-19, pandemia desdenhada pelo candidato à reeleição apoiado por Moro.

E lembra que não é ele quem o chama de parcial, mas o Supremo Tribunal Federal (STF). E acrescenta, desafiando: “Cá entre nós, você nunca escondeu. A vaza jato apenas deixou explícito o que todo mundo sabia. A perversa relação com a acusação. Você era o chefe da operação lava jato e se orgulha disso. Deixa isso claro pra todo mundo. Nem precisava de vaza jato. Você virou ministro do adversário do cara que você prendeu sem provas (se eu estou errado, me mostre em que páginas das sentenças estão as provas)”.

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Na mensagem, Mesquita diz ainda que o vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), é quem sofreu muitas ofensas nas discussões do grupo. E não Moro. “Os que xingaram e ofenderam ele serão os mesmos que vão bajulá-lo no Jaburu ano que vem. (Um abraço , Geraldo! Dia 30 vamos vencer). E se despede: “Um beijo, Sérgio. De super moro a padre Kelson do segundo turno. Tchutchuca de GENOCIDA”.


Confira a íntegra da mensagem do cineasta

Oi, Sérgio.

Eu não te devo desculpa alguma.

Sei que serei banido. Então mando um grande abraço a todos da curadoria. Principalmente ao Carlos Marques, ao Ernesto e ao Heleno Torres.

Mas vamos lá, Sérgio:

Eu não devo desculpas a você. Você que deve desculpas ao Brasil. Você é o pai e a mãe de Jair Bolsonaro. Você pariu o GENOCIDA que matou centenas de milhares de brasileiras e brasileiros.

Mais de 400 mil pessoas estão mortas porque você elegeu esse fascista que nos governa.

Suas mãos estão sujas de sangue. Você é cúmplice de tudo isso que está acontecendo no país. As mortes, a fome, a destruição das instituições.

Você deveria ter se candidatado a um cargo eletivo antes. Aí sim poderia fazer política. Mas fez política como juiz.

Pedir desculpas por que chamei você de juiz parcial? É pra rir isso? Não sou eu que estou dizendo. Foi o STF.

E cá entre nós, você nunca escondeu. A vaza jato apenas deixou explícito o que todo mundo sabia . A perversa relação com a acusação. Você era o chefe da operação lava jato e se orgulha disso. Deixa isso claro pra todo mundo.

Nem precisava de vaza jato. Você virou ministro do adversário do cara que você prendeu sem provas (se eu estou errado, me mostre em que páginas das sentenças estão as provas).

Sua sentença é piada nos cursos de direito.

Virou tchuthuca de miliciano. Coach no debate do miliciano que só humilhou você. E você voltou com o rabinho entre as pernas. Ele te prometeu vaga no STF de novo, foi?

Se prometeu ou não, não sei. Mas ele não vai indicar mais nenhum ministro pro STF.

Porque o cara que você prendeu sem prova alguma, sendo chefe da acusação e juiz ao mesmo tempo, vai ganhar as eleições. Bolsonaro não vai indicar ministro nenhum. Bolsonaro vai ser preso. Por crimes contra a humanidade.

E Lula vai ser presidente. Mesmo após todo o massacre que a Lava-Jato cometeu contra ele. O povo não é bobo, Sérgio.

O povo sabe que vocês nunca se importaram com combate à corrupção. Só queriam combater o PT. Mas no voto não conseguiam.

Tá de novo com Bolsonaro, o responsável pelo maior esquema de corrupção da história. Você não liga pra corrupção. Admita.

Você deveria ter vergonha. E tem. Soube que hoje você encontrou alguns membros do grupo Prerrogativas no aeroporto, baixou a cabeça e acelerou o passo. Por que, Sérgio?

Aliás , você deveria responder um monte de perguntas.

-Bolsonaro interferiu ou não na PF? Você mentiu em abril de 2020 ou perdoou ele. Como perdoou o Onyx pelo caixa 2?

-por que você foi trabalhar nos EUA na recuperação judicial das empresas que você quebrou?

-por que você soltou Youseff?

-por que você passou o dia todo pedindo pro pessoal da curadoria me banir? Deu errado. Não me baniram porque não ofendi você. Chamei você do que você é: juiz parcial. E peguei leve.

PS: quem sofreu muitas ofensas aqui foi o futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin. Os que xingaram e ofenderam ele serão os mesmos que vão bajulá-lo no Jaburu ano que vem. (Um abraço , Geraldo! Dia 30 vamos vencer).

PS2: um abraço aos que tentaram me censurar ontem (inclusive um que foi condenado por corrupção nos EUA e no Brasil).

PS3: Marques, Ernesto. Me desculpem . Eu prometi que ia me controlar. Mas a democracia é mais importante do que a paz do grupo.

Um beijo, Sérgio. De super moro a padre Kelson do segundo turno. Tchuthuca de GENOCIDA.

Tava tudo dando certo pra você, né? Mas tinha VAR. E o VAR mostrou que o juiz era ladrão.