8 de março

‘Tenho sido principal alvo de mentiras, ataques à honra e ameaças nas redes’, diz Janja no Senado

Primeira-dama e a presidente do STF, Rosa Weber, receberam diploma no Congresso por contribuir com a defesa de direitos e questões de gênero

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Nilza Zacarias (esq), Ilana Trombka, Janja, Rodrigo Pacheco e a líder da bancada feminina no Semado, Eliziane Gama

São Paulo – A primeira-dama, Janja Lula da Silva, e a presidenta do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, receberam nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o Diploma Bertha Lutz, no Senado Federal. A honraria é reconhecimento da Casa a pessoas com “contribuição relevante à defesa dos direitos e das questões de gênero no Brasil”.

Os nomes das homenageadas são indicação da bancada feminina na Casa. Além delas receberam diploma a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a cientista política Ilona Szabó, presidente do instituto Igarapé e a jornalista Nilza Zacarias, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Também receberam a premiação in memoriam a jornalista Glória Maria e a líder indígena Clara Camarão. Clara participou das batalhas contra as invasões holandesas no Nordeste brasileiro no século 17, em Natal (RN).

“Cada uma das mulheres aqui sabe da dificuldade do dia a dia da política. Tenho sido o principal alvo de mentiras, ataque a honra e ameaça nas redes. Até mais do que o presidente da República. Sei que muitas de vocês passam pela mesma e terrível experiência de ver seu nome, seu corpo e sua vida exposta de uma forma mentirosa”, disse a primeira-dama, que é socióloga.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou Janja como uma mulher que “desde a adolescência tem uma história de militância política ligada a pautas progressistas e sociais”.

“Estou nervosa, gente”, afirmou, antes de iniciar sua primeira participação em uma tribuna do Congresso. “Um século após Bertha Lutz ter organizado a luta por direito ao voto, seguimos tendo que repetir: precisamos estar representadas nos lugares de decisão”.

Janja lembrou que, embora a representação feminina tenha crescido desde 2018, as mulheres ocupam apenas 17,7% na Câmara e 16% no Senado. A proporção está “abaixo da média mundial de 26% dos parlamentos”.

Ações contra violência

Zoóloga de profissão, Bertha Maria Júlia Lutz é citada em texto do Senado como “a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras”, tendo se empenhado pela aprovação da “legislação que outorgou o direito às mulheres de votar e de serem votadas”.

Ao encerrar o discurso no Senado, Janja afirmou ter compromisso permanente com o aumento da representação das mulheres. “Também serei aliada incondicional de primeira hora nas ações contra violência de gênero na política. A violência contra a mulher, como disse o senador (Pacheco), é inadmissível, inacreditável, precisamos dar um basta. Nenhuma de nós com medo, todas nós na política”, concluiu.

O atual presidente do Senado tem muito respeitado das mulheres da Casa. Na gestão de Pacheco foi criada, em 2021, a bancada feminina e a respectiva liderança, que é rotativa e participa rotineiramente do Colégio de Líderes como qualquer outra liderança.

Segundo o senador, uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que todas as formas de violência contra a mulher aumentaram em 2022. “A pesquisa apresenta um cenário trágico, em que uma média superior a 50 mil mulheres diariamente são vítimas de diversas violências”, disse.

Em sua fala, Rosa Weber também destacou avanços da representação feminina nas últimas décadas. Segundo ela, citando a historiadora Mary Del Priore, a questão feminina no Brasil “permaneceu excluída da própria História como disciplina até a década de 1970”.

A ministra observou que mesmo no Judiciário as mulheres são alvo de condutas e atos discriminatórios. “Nem sequer o Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura da subjugação e desqualificação do feminino que impregna a sociedade na qual se vê, nos dias atuais, recrudescer de forma alarmante a violência contra a mulher” “, afirmou.

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