Reta final

Tarcísio não vai governar SP se ganhar. ‘Quem vai mandar é o Centrão’, diz Haddad

Para ex-prefeito paulistano, Tarcísio “vai cair nas garras” de Valdemar Costa Neto, do vereador Milton Leite e do bispo Edir Macedo

Reprodução/Twitter
Reprodução/Twitter
Haddad cercado por pesos pesados da campanha: a esposa Ana Estela, Lula, Janja, Alckmin e MarinaSilva

São Paulo – O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou que seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “não vai governar” o estado, se vencer a eleição. Para o Haddad, quem vai mandar será o Centrão. Além de não conhecer o estado, o candidato de Jair Bolsonaro “não vai conseguir compor com as forças políticas para respaldar o que precisa ser feito”. “Ele (Tarcísio) vai cair nas garras de Valdemar Costa Neto (presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro), Milton Leite (vereador do União Brasil), do Edir Macedo e do Republicanos.”

Questionado por Leonardo Sakamoto se ele mesmo não terá dificuldade de governar e compor na Assembleia Legislativa, considerando o bom desempenho do bolsonarismo na eleição, Haddad afirmou que fez “as contas”. “Se os partidos democráticos, de centro e de direita, aceitarem o convite de negociar, eu posso prescindir completamente do Centrão”, disse. O ex-ministro da Educação e ex-prefeito da capital participou de sabatina do portal UOL e do jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (26),

“Virada em curso

A pesquisa do Ipec divulgada ontem mostrou tendência de Haddad e Tarcísio chegarem no dia da eleição empatados. O ex-ministro bolsonarista se manteve em 46% das intenções de voto, enquanto o petista subiu de de 41% para 43%. “Pesquisa é fotografia do momento, mas traz ânimo. Porque a tendência conta muito na reta final e quando a eleição está apertada”, avalia Haddad.

Segundo o ex-prefeito, as informações que tem recebido, sobretudo do interior, são de que há uma “virada” em curso. “Então, a gente tem toda a condição de chegar no domingo à vitória.” Haddad criticou a fuga do oponente dos debates. “Ele não tinha razão nenhuma para se furtar a participar desses eventos. Eu lamento o fato de ele ter desaparecido. Espero que na quinta-feira ele compareça à Rede Globo pelo menos, para dar uma satisfação para o eleitor de São Paulo.”

“Há o universo de Tarcísio e o da realidade”

O candidato do PT também comentou o comportamento de Tarcísio diante do episódio de Roberto Jefferson. “Às vezes a impressão que me dá é que estamos vivendo em dois universos. O universo do Tarcísio, que não é paulista e não sabe do que está falando, e a realidade”, ironizou.

Em junho, em evento do PTB, Tarcísio enviou um “abraço carinhoso ao doutor Roberto Jefferson”, que hoje ele chama de “criminoso”. “Ou seja, um sujeito que é presidente de um partido, que apoia Tarcísio, de quem Tarcísio se diz amigo, que diz que respeita muito, e agora ele está chamando esse cara de louco, sem um laudo? Como é que é isso? Estamos falando de um sujeito que recebeu a Polícia Federal com uma granada na mão!”

Rejeição a Tarcísio cresce

Para Haddad, a rejeição a Tarcísio em São Paulo cresceu muito por ideias como vender a principal estatal paulista, a Sabesp. Ou tirar as câmeras dos uniformes dos policiais. Assim como tornar a vacinação de criança facultativa, e também de funcionários públicos, “que têm interação com os cidadãos”. “Essas propostas são uma loucura, uma aventura, que ele está querendo trazer do Rio para São Paulo. Isso não vai funcionar em São Paulo”, afirmou Haddad.

Sobre por que Tarcísio surpreendeu os meios políticos, indo ao segundo turno na liderança, quando as pesquisas indicavam a sua liderança, o ex-prefeito disse que em sua opinião houve uma migração de votos do governador Rodrigo Garcia (PSDB) para Tarcísio na última semana.

“Acho que Rodrigo errou na avaliação de que poderia ir pro segundo turno, não no lugar do Tarcísio, mas no meu. Foi um erro fatal da campanha dele”, avaliou. Segundo Haddad, o governador usou todo o espaço da campanha de Edson Aparecido ao Senado para atacá-lo. Assim, “imaginou que ele fosse pro segundo turno, e eu não”.