Relações promíscuas

‘Hacker de Araraquara’ revela vínculo com Carla Zambelli e tentativa de golpe

Walter Delgatti, conhecido como ‘Hacker de Araraquara’, pivô da Vaza Jato, revelou vínculo com bolsonaristas. Entenda

Reprodução/Twitter
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"Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra. Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui"

São Paulo – Conhecido como “hacker de Araraquara”, Walter Delgatti revelou que trabalha para a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). Ele assumiu que tem contrato de R$ 6 mil por mês para fazer a gestão das redes sociais da aliada do ex-presidente. Contudo, ele afirma que o salário “por sinal está atrasado”. Delgatti ficou conhecido após ser o pivô da série de reportagens que ficou conhecida como “Vaza Jato“, do The Intercept Brasil. Na ocasião, a revelação de extensa e detalhada série de conversas, escritas e em áudios, apontou para um conluio entre promotores e o então juiz Sergio Moro, durante a Operação Lava Jato.

As relações de Delgatti com bolsonaristas começaram depois de ele ajudar a desmontar a farsa da Lava Jato que levou à prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ajudou a eleger Jair Bolsonaro. Seu vínculo com Carla Zambelli, uma das parlamentares mais radicais do núcleo bolsonarista, veio à tona nesta terça-feira (7), após revelação do The Brazilian Report. Ele assumiu a relação para a jornalista Amanda Audi, que já atuou no The Intercept Brasil. “Eu ainda trabalho com ela (Zambelli). Tem contrato, presto serviços para ela”, disse.

O hacker e o golpe frustrado

No ano passado, Carla Zambelli chegou a levar o hacker até o Palácio do Planalto. A ideia era que ele ajudasse de alguma forma a propagar a tese do então presidente de que as urnas eletrônicas não seriam confiáveis. Entretanto, este discurso caiu rapidamente em descrédito. Então, reportagem da revista Veja, em agosto, revelou que vínculo dos bolsonaristas com Delgatti pode ter relação com outro escândalo. Isso porque o hacker teria sido assediado para grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

“Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra. Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei: beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’”, revelou Delgatti.

Essa revelação ganhou relevância depois da do senador Marcos do Val (Podemos-ES). Em uma live, o parlamentar bolsonarista assumiu que participou de uma reunião com Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, hoje preso. O tema do encontro foi um plano para aplicar um golpe de Estado e impedir que Lula tomasse posse. Esse plano começava com a implantação de escutas ilegais contra o ministro do Supremo.

A ideia era encontrar alguma fala de Moraes que colocasse em dúvidas a segurança das urnas, ou mesmo qualquer fala contra Bolsonaro, para colocá-lo sob suspeita para conduzir o TSE durante as eleições. O ministro revelou-se um empecilho ao golpe, por conduzir com segurança e assertividade o processo eleitoral.