Incomodado com vazamentos das investigações sobre Cachoeira, procurador-geral cobra apuração da PF

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou hoje (9) como “escandalosos” os vazamentos de informações sigilosas das operações Vegas e Monte Carlo, montadas para investigar o empresário Carlos […]

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou hoje (9) como “escandalosos” os vazamentos de informações sigilosas das operações Vegas e Monte Carlo, montadas para investigar o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar esquema de jogo ilegal e tráfico de influência.

Gurgel disse que já enviou um pedido para que a direção da Polícia Federal apure o caso. “A lei impõe o sigilo porque temos uma série de interceptações telefônicas [transcritas no inquérito], mas agora não há dúvidas de que esses são uns dos casos mais escandalosos de vazamento”, afirmou.

O procurador-geral admite que a divulgação de dados investigados tem ocorrido com frequência, mas está incomodado com a situação atual. “Sempre temos esses casos, mas dessa vez se chegou a um absurdo”, reclamou Gurgel, em intervalo de sessão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Gurgel fez um apelo para que essas restrições sejam respeitadas, apesar de grande parte das informações já terem circulado na imprensa. Para ele, não é possível liberar o acesso às informações sigilosas. “É preciso que se pare com essa coisa no país, de que sigilo é uma coisa para inglês ver, que é uma coisa que não deve ser observada”.

Sérgio Cabral

O vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse que não vê razões para a convocação do governador do estado, Sérgio Cabral, para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

“Não há motivo [para convocação]. Você trazer uma pessoa a uma CPI porque é amigo, porque apareceu em uma foto, em um jantar, é um absurdo”, disse Pezão durante audiência pública na Câmara.

Nas últimas semanas o blog do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) divulgou fotos e vídeos em que o governador fluminense aparece ao lado do empresário Fernando Cavendish, ex-presidente do Conselho de Administração da Delta Engenharia. A empresa possuiu vários contratos com o governo do Rio de Janeiro.

Pezão disse que Cabral, como governador e ex-senador, respeita a CPMI, mas argumentou que as fotos com Cavendish são antigas e foram obtidas de forma clandestina.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), autor do requerimento de convocação de Sérgio Cabral e dos govenadores Agnelo Queiroz (DF) e Marconi Perillo (GO) também disse que Cabral precisa explicar a sua relação com o ex-presidente da Delta.

“Se pegarmos o histórico dos contratos da Delta como governo do Rio de Janeiro nos últimos dez anos, vamos ver que ela saiu do zero para milhões, principalmente nos últimos seis anos. Eticamente ele [Sérgio Cabral] está impedido de ter essa relação”. Bueno disse que a CPMI não é contra o governo. “É contra tudo e todos”.