Comício

‘Fora Bolsonaro’ ofusca palanque bolsonarista na Câmara no Dia do Médico

Conselho Federal de Medicina (CFM), que usou Câmara e Dia do Médico para fazer campanha para Bolsonaro, foi surpreendida por Médicas e Médicos Populares, denunciando negacionismo oficial

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Manifestantes, que entraram em silêncio, foram recebidos com "Mito" e revidaram com "Fora Bolsonaro"

São Paulo – Um ato da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, Trabalhadores e Estudantes de Medicina ofuscou hoje (18), Dia do Médico, um “palanque” montado na Câmara para exaltar as políticas do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No momento em que o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Hiran Gallo, cumprimentava os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Educação, Victor Godoy, e outros deputados bolsonaristas que já haviam enaltecido as “ações” do governo, os manifestantes vestidos como médicos entraram silenciosos com suas faixas. Entre os dizeres, “O CFM aliou-se ao bolsonarismo e traiu a medicina” e “O CFM contra a Ciência e pró-Bolsonaro”.

O presidente do CFM, do púlpito, repreendeu a manifestação, chamando atenção da plateia lotada de estudantes de Medicina, vestindo camisetas amarelas da seleção brasileira, que tornou-se símbolo do bolsonarismo, e parlamentares aliados. Começou então um festival de vaias e gritos de “vai pra Cuba” do lado bolsonarista. E os manifestantes, a princípio silenciosos, revidaram com gritos de “Fora Bolsonaro”.

“QI de Ameba, pessoas despreparadas”, disse Hiran Gallo, visivelmente irritado, referindo-se aos manifestantes. E prosseguiu: “Não tenho medo não. Sou praticante de artes marciais”, disse, em tom ameaçador.

Sem citar nome, presidente do CFM pediu voto em Bolsonaro

Após a retirada dos manifestantes pelos seguranças, Gallo foi enfático; “Jamais voltemos ao pretérito, com médicos que não sabemos se eram médicos. E para isso precisamos saber votar”, disse, referindo-se à liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para o segundo turno, no próximo dia 30.

A volta do Programa Mais Médicos, que trouxe profissionais cubanos para cobrir a falta de médicos nas regiões mais distantes do interior do Brasil e nas periferias dos grandes centros, está entre as prioridades do candidato da coligação Brasil da Esperança para a saúde.

O Mais Médicos, que enfrentou oposição ferrenha do CFM, esteve também entre as críticas do deputado federal Dr. Zacharias Calil (União-GO), autor do requerimento da sessão solene em prol de Bolsonaro disfarçada de homenagem aos médicos em seu dia. E do deputado Hiran Gonçalves (PP-RR).

Deputado bolsonarista dono de faculdade de Medicina levou alunos

Os estudantes de Medicina que foram fazer volume no evento bolsonarista e gritar “Mito”, conforme anunciado, são da Unifan de Goiás. A reportagem apurou que a universidade é de propriedade do deputado bolsonarista Professor Alcides (PP-GO) e o curso foi aberto este ano.

“A data, que deveria ser uma homenagem à ciência e ao SUS, virou um comício de Bolsonaro. Um show de horrores e mentiras em defesa da cloroquina e contra o Mais Médicos. Tudo com a presença ilustre do ministro Queiroga”, disse o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

A usurpação da Medicina pelo Conselho Federal de Medicina, aliás, foi denunciada pelo médico sanitarista José Carvalho de Noronha, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), em recado aos profissionais da Medicina em seu dia. Confira:

Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima


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