guinada à direita

Ex-comunista, Aldo Rebelo se aproxima de Bolsonaro ao substituir Marta em São Paulo

Chegada do ex-ministro à prefeitura de SP contou com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro, evidenciando guinada à direita do ex-ministro que integrou o PCdoB por quatro décadas

Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram
Se fizer campanha para Ricardo Nunes, que conta com apoio de Bolsonaro, Aldo Rebelo pode ser expulso do PDT

São Paulo – O ex-ministro Aldo Rebelo aceitou convite do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para assumir a Secretaria de Relações Internacionais. Ele substitui a ex-prefeita Marta Suplicy, que está de malas prontas para retornar ao PT e, assim, ser vice de Guilherme Boulos (Psol) na disputa pela prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano.

Marta atribuiu sua saída da prefeitura por conta da “nova conjuntura” que se prenuncia na cidade, a partir da aproximação de Nunes com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, a chegada de Aldo ao time de Nunes contou com o aval de Bolsonaro. Além disso, o ex-comunista foi saudado por bolsonaristas.

O movimento chama a atenção, já que Aldo integrou os quadros do PCdoB por 40 anos. Como comunista, Aldo conquistou cinco mandatos como deputado federal. Além disso, presidiu a Câmara dos Deputados. E também foi ministro da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Esporte e de Coordenação Política e Assuntos Institucionais durante os governos Lula e Dilma.

Provável vida curta no trabalhismo

Mais recentemente, no ano passado, se filiou ao PDT, depois de passar pelo Solidariedade. No entanto, para assumir como secretário de Nunes, Aldo anunciou que se licenciou da legenda, em comum acordo com o presidente do PDT, Carlos Lupi. Ainda assim, Matheus Bizzo, da direção nacional do PDT, disse que vai fazer uma representação formal ao Conselho de Ética contra a decisão de Aldo de servir a um aliado de Bolsonaro.

O partido ainda pode puni-lo, caso confirme seu apoio a Nunes nas eleições. Isso porque o PDT anunciou o apoio a Boulos na semana passada. Na última terça (16), no entanto, em entrevista à Folha de S.Paulo, Aldo disse que “não tem condições” de apoiar Boulos. “Eu era ministro do Esporte e ele era o líder do ‘Não Vai ter Copa’ na cidade de São Paulo. Era um movimento que promovia quebra-quebra, sabotagem da Copa. Não tenho como apoiar uma pessoa dessas.”

Nesse sentido, a vida política de Aldo no partido de Brizola pode ter vida curta. Também na Folha, o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, abriu as portas para o ex-ministro. “Talvez ele precise de uma alternativa (diante da pressão no PDT). É um companheiro e para mim seria muito bom que voltasse”, afirmou o parlamentar.

Negacionismo

Anteriormente, Aldo, em declaração ao site Poder 360, minimizou a ameaça à democracia representada pelos bolsonaristas que atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, no 8 de janeiro do ano passado. Para ele, classificar o episódio como uma tentativa de golpe era uma “fantasia”.

Ainda em 2021, ao site Opera Mundi, o ex-ministro também afirmou que Comissão Nacional da Verdade, que investigou crimes cometidos durante a ditadura militar no país (1964-1985), foi um “erro”. Ele disse ainda que “o Exército sempre esteve a serviço do Brasil”. Foi justamente essa “boa relação” de Aldo com os militares que o aproximou de Bolsonaro.