Rota do crescimento

Em encontro com Turismo, Lula reafirma propostas para o setor: ‘Grande fonte de empregos’

Além de receber as propostas para dinamizar as atividades turísticas do país, ex-presidente afirmou que o brasileiro precisa de emprego e renda para poder voltar a viajar

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Ex-presidente Lula recebeu documentos com propostas de diferentes segmentos do turismo

São Paulo – Em encontro com representantes de entidades ligadas ao turismo na manhã desta terça-feira (20), em São Paulo, o candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu a dinamização do setor para a retomada da economia, em caso de ser eleito para um novo mandato. “O turismo é uma fonte muito grande e muito rápida para a gente criar empregos”, afirmou. Cabe ao governo, disse, criar condições para o avanço do setor no Brasil.

“Queremos fazer com que as pessoas voltem a viajar. As pessoas precisam conhecer esse país imenso. Precisamos criar condições. O papel do Estado é o de abrir portas, facilitar e não criar problemas”, disse o candidato.

Por outro lado, Lula afirmou que é preciso melhorar as condições de emprego e de renda da população, para que as pessoas possam viajar. E ressaltou que o país está sem aumento real do salário mínimo há quatro anos. “A massa salarial caiu, e caiu barbaramente. Quase 90% das categorias organizadas fizeram acordo abaixo da inflação. Então você tem uma sociedade sem dinheiro, tem o desemprego, o desalento, teve a pandemia. Uma série de coisas que nós precisamos recuperar de forma muito rápida”.

Nesse sentido, o candidato também destacou que “mau humor”, “fome”, “pobreza” e “violência”, não atraem turistas. “E tudo isso temos aqui no Brasil, até em excesso. A começar pela imagem do atual presidente”. Além disso, acusou Jair Bolsonaro (PL) e “os milicianos que tomaram conta do país” de terem promovido um estado de “nervosismo inexplicável” no país.

“Maldito querosene”

Eduardo Sanovicz, representante da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), e os ex-ministros do Turismo Luiz Barreto e Walfrido dos Mares Guia apontaram o atual preço do querosene de aviação (QAV) como um dos entraves para o setor. Assim como vem falando em “abrasileirar os preços da gasolina e do diesel automotivo“, o ex-presidente se comprometeu a “equalizar” a questão dos preços do QAV. “É um tema que está cravado na minha cabeça (…) para facilitar a vida das pessoas que querem viajar.”

Em função da queda do preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras recentemente anunciou duas reduções no valor do combustível de aviação. No final do mês passado, a estatal reduziu em 2,5% o preço do QAV. No final de agosto, a redução anunciada foi de 10,4%. Até então, desde o início do ano, o QAV acumulava alta de 70,6%, de acordo com a Abear.

Lula, no entanto, afirmou que tem “alguma coisa a mais” que interfere nos preços das passagens aéreas, além do custo dos combustíveis e seu impacto sobre o turismo nacional. “Quando você vai comprar uma passagem daqui para o Rio, custa quase R$ 1 mil. Isso não é normal. Quase R$ 3 mil de São Paulo para Brasília, não é normal. O preço do querosene é o mesmo, no sábado, na segunda, na terça, na quarta”, observou o candidato.

Em sua participação no encontro, o empresário do setor hoteleiro Antônio Setin, da Rede Accor, ressaltou as consequências da pandemia para os hotéis. Alexandre Sampaio, da Confederação Nacional do Comércio (CNC) defendeu estímulos para ampliar a inclusão de viagens turísticas como opção acessível à classe trabalhadora. Segundo ele, é preciso criar condições de o país ter um “turismo de massa” que contemple também a parcela da população de menor poder aquisitivo.

Potencial turístico em São Paulo

Também presente no encontro de Lula com o Turismo, o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad destacou que a capital paulista é um grande destino turístico do país. E destacou a capacidade do setor em responder positivamente aos estímulos do governo. “São Paulo é de uma pujança, porque traz o turismo de negócio, o turismo médico, com os melhores hospitais, grandes eventos. E é incrível como qualquer pequeno estímulo que você dá, o retorno é N vezes o que você imaginava. Tem 10 vezes mais de retorno em qualquer mexida que você dá, às vezes deixando de atrapalhar, e às vezes ajudando”.

Como exemplo, citou o sucesso do carnaval de rua em São Paulo, criado em 2014, durante a sua gestão na prefeitura da capital. Antes, a capital paulista “exportava turistas” para outras cidades durante a maior festa popular do país, e passou a atrair cada vez mais gente para o carnaval da cidade. “Agora, na semana do carnaval, a gente lota restaurantes e hotéis, porque a gente acordou para uma semana que em São Paulo era morta”.

Nesse sentido, disse que o estado de São Paulo tem um potencial turístico que falta ser devidamente explorado. “Ainda não estamos nem na metade no caminho do que a gente pode fazer pela cidade de São Paulo e pelo estado. Tem um potencial enorme de desenvolvimento turístico. Muita geração de emprego, coisa rápida, coisa que dinamiza a economia de um mês para o outro”, afirmou.  

Otimista com a vitória

Aos representantes de entidades ligadas ao Turismo, Lula disse ainda que está “muito otimista” com a possibilidade de ganhar as eleições em outubro. “Está tudo preparado, caminhando, para a gente ganhar as eleições. Obviamente que eleição a gente só conhece o resultado depois da apuração”.

Também ironizou Bolsonaro que, numa recente entrevista ao SBT em Londres, voltou a atacar o processo eleitoral brasileiro. “Se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE”, provocou. “Ou seja, quando ele diz isso, eu fico otimista. Porque ele já está prevendo a derrota dele”, disse o petista, afirmando que são claros os sinais de que o povo quer o país de volta à normalidade democrática.

Pesquisa Ipec divulgada ontem (19) mostra que Lula, com 47% das intenções de voto, aumentou a sua vantagem para Bolsonaro, que estagnou nos 31%. Nos votos válidos, excluindo em branco e nulos, o ex-presidente chegou a 52%, ampliando a possibilidade de vencer no primeiro turno.