Em Cuba, cooperação econômica é o principal tema da agenda de Dilma

A presidenta Dilma encontra Cuba em pleno processo de abertura econômica (Foto: Ricardo Stuckert Filho/Pr) São Paulo – Desde a noite de segunda-feira (30), a presidenta Dilma Rousseff está em […]

A presidenta Dilma encontra Cuba em pleno processo de abertura econômica (Foto: Ricardo Stuckert Filho/Pr)

São Paulo – Desde a noite de segunda-feira (30), a presidenta Dilma Rousseff está em Havana, capital de Cuba, em viagem oficial de dois dias. O comércio bilateral entre os dois países é o principal motivo da ida da mandatária à ilha caribenha, como a assinatura de acordos comerciais, além de uma visita ao porto de Mariel, obra que há financiamento brasileiro.

Cuba tem buscado, entre outras coisas, ajuda agrícola do Brasil. O conglomerado Odebrecht afirmou que irá assinar acordo para trabalhar com a indústria de açúcar cubana para aumentar a produção de uma usina  na província de Cienfuegos. Dilma deve visitar o porto de Mariel, perto de Havana, onde o Brasil ajuda a financiar uma reestruturação de US$ 800 milhões também por meio da empreiteira.

Segundo o ministro cubano do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca, “as relações econômicas e comerciais entre Cuba e Brasil são exemplo da cooperação Sul-Sul”.

O Brasil exporta a Cuba alimentos, máquinas agrícolas e equipamentos para a construção do porto de Mariel, cujas obras contam com o apoio de empresários e do governo brasileiro. A ilha, por sua vez, exporta material cirúrgico, serviços de saúde, medicamentos e produtos biotecnológicos. Depois da Venezuela, o Brasil é o segundo parceiro comercial latino-americano de Cuba. Segundo autoridades, atualmente quase 700 brasileiros estudam no país caribenho.

Até a noite desta segunda-feira não foi confirmado o encontro de Dilma com Fidel Castro, de 85 anos, ex-presidente de Cuba que governou o país até 2008. Não há informações sobre a inclusão de conversas relacionadas a direitos humanos na pauta.

Mudanças

A presidenta Dilma encontra Cuba em pleno processo de abertura econômica. Nos últimos dois anos, Raúl Castro vem adotando uma série de mudanças, como estímulo à demissão voluntária de funcionários públicos, a liberação de compra de automóveis e imóveis, a permissão para atividades autônomas e o incentivo à agricultura familiar.

As transformações podem alcançar também o âmbito político. No domingo (29), na primeira Conferência do Partido Comunista Cubano em 2012, o mandatário cubano afirmou que pretende estabelecer um limite de dez anos para a permanência na ocupação de cargos públicos e estatais. Por ora, a cúpula da organização mantém a defesa do sistema de partido único para evitar, segundo eles, pressões dos Estados Unidos, que promovem um embargo comercial desde 1962.

A visita de Dilma ocorre logo dias depois de o governo brasileiro ter concedido visto de entrada à jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, uma das principais críticas do governo do presidente Raúl Castro. A iniciativa foi interpretada por organizações não governamentais e especialistas como uma sinalização do Brasil de que a questão de direitos humanos e abertura política vai ser tema das reuniões em Havana.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou que o tema será abordado publicamente por Dilma nas reuniões em Cuba. Na interpretação da diplomacia brasileira, o tema se refere a assuntos internos de Cuba.

Com informações da Reuters e Ansa Latina