Fim da baderna

Eleitores de Bolsonaro, governadores de SP e Rio agem para desfazer bloqueios

“É preciso respeitar o resultado das urnas”, diz Cláudio Castro, chefe do executivo do Rio, que disse ter telefonado a Lula para desejar boa sorte

Reprodução/TV Globo
Reprodução/TV Globo
Postura de Bolsonaro, ao manter o silêncio, estimula seguidores a adotarem ações de bloqueios

São Paulo – Importantes apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições estão acatando a determinação do Supremo Tribunal Federal e enviando forças de segurança das polícias militares estaduais para atuar no desbloqueio de rodovias nos estados por caminhoneiros que não aceitam o resultado das eleições. O caso mais emblemático é o do governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

“É preciso respeitar o resultado das urnas. Quem foi vitorioso precisa ter a tranquilidade de reunir forças e trabalhar pelo Brasil”, disse Castro ao jornal televisivo da TV Globo no estado. Ele acrescentou que telefonou para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desejou-lhe boa sorte e se pôs à disposição. O chefe do Executivo fluminense disse ao petista haver “muitas pautas” federais de interesse ao estado.

Em São Paulo, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) enviou, na manhã desta terça-feira (1º), a Tropa de Choque da PM para desfazer bloqueios nas estradas. “Em virtude da decisão do Supremo Tribunal Federal, as negociações se encerram e partir de agora nós vamos aplicar aquilo que determina a decisão judicial”, prometeu o governador paulista, que declarou apoio “incondicional” a Bolsonaro no segundo turno.

Ordem de Moraes

Ambos os governadores estão apenas cumprindo determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar liberem rodovias e, se for o caso, prendam responsáveis por bloqueios. O movimento dos caminhoneiros, porém, não tem comando conhecido.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, já foi encaminhada, por membros da 2ª e da 7ª Câmaras da Procuradoria-Geral da República (PGR), uma representação ao Ministério Público Federal para apurar a conduta do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.

O documento foi encaminhado à Procuradoria da República no Distrito Federal, de acordo com o jornal. Vasques – que não esconde ser bolsonarista – é suspeito de colaborar com Bolsonaro no dia da eleição, promovendo blitze que impediram ou tentaram impedir eleitores de chegarem aos locais de votação. Ele será responsabilizado criminalmente e, se descumprir decisão de Alexandre de Moraes, pode ser preso.

“Delinquente”

“STF manda desobstruir rodovias, multar arruaceiros de Bolsonaro e prender Diretor Geral da PRF se não se comportar a altura do cargo. Esse delinquente está comprometendo imagem da polícia e Bolsonaro continua comprometendo a imagem do Brasil e a vida do povo”, escreveu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no Twitter.

A PRF afirma que identificou casos de policiais suspeitos de ajudar golpistas. “Nenhuma ordem foi dada para que servidores deixassem de cumprir seu papel, e eles responderão a procedimentos para explicar o que aconteceu”, disse o corregedor-geral da PRF, Wendel Benevides Matos, em entrevista coletiva.

O superintendente da PRF em São Paulo, Fernando Miranda, também em entrevista coletiva, afirmou que foram interrompidas férias dos policiais para aumentar o efetivo das operações. Segundo ele, a intenção é subir de cerca de 400 para 570 homens no estado.

Nota de policiais

Em nota à imprensa, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) e o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais afirmam que o silêncio de Jair Bolsonaro (PL) sobre o resultado das eleições “estimula” o movimento de caminhoneiros clandestinos.

“A postura do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, em manter o silêncio e não reconhecer o resultado das urnas acaba dificultando a pacificação do país, estimulando uma parte de seus seguidores a adotarem ações de bloqueios nas estradas brasileiras”, dizem as entidades. ”A Polícia Rodoviária Federal é um patrimônio da sociedade e seguirá firme na defesa da democracia, do respeito às leis e às decisões judiciais.”

Leia mais: