Pressão

Ministério Público cobra PRF sobre bloqueios nas estradas

Subprocuradora-geral deu prazo de 24 horas para a Polícia Rodoviária Federal informar as medidas adotadas para liberar as rodovias federais

Divulgação/PRF
Divulgação/PRF
Bloqueios criminosos estavam planejados antes mesmo da derrota de Bolsonaro nas urnas

São Paulo – O Ministério Público Federal abriu nesta segunda-feira (31) uma investigação sobre os bloqueios em rodovias federais por caminhoneiros bolsonaristas em reação à vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os procuradores enviaram ofício à Polícia Rodoviária Federal (PRF) cobrando providências para liberar as rodovias federais. O MPF deu prazo de 24 horas para que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, explique as ações empreendidas para pôr fim aos bloqueios.

Quem assina o documento é a subprocuradora-geral da República Elizeta de Paiva Ramos, da Câmara de Controle Externo da Atividade Prisional do MPF. No mesmo sentido, ela também enviou ofício a todos os procuradores-chefes do estados, solicitando informações sobre as providências adotadas em cada local.

“Tendo em vista notícias veiculadas sobre o bloqueio das rodovias federais por caminhoneiros em todo o país, como forma de protesto aos resultados das eleições para presidente do Brasil, solicito a Vossa Excelência informações sobre as providências que estão sendo adotadas pela Polícia Rodoviária Federal para garantir a manutenção do fluxo nas rodovias federais, dentre elas a relação completa dos bloqueios e as respectivas ações empreendidas pelo órgão em cada caso”, diz o documento.

De acordo com balanço divulgado pela PRF na tarde de hoje, são 36 bloqueios nas estradas federais, em pelo menos 19 estados. Mais cedo, em vez de agir para desbloquear as rodovias, a PRF informou que acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) e que agora aguarda medida judicial contra a ocupação de estradas federais. A AGU, por outro lado, disse que neste tipo de ocorrência “a Polícia pode atuar sem demandar autorização”.

Tumulto autoritário

O senador eleito Wellington Dias (PT-PI), um dos coordenadores da campanha de Lula, disse que partidos e advogados estão buscando diálogo com entidades ligadas aos caminhoneiros. Ao mesmo tempo, estudam medidas legais para evitar o que ele classificou como “tumulto”, como forma de garantir o direito de ir e vir das pessoas.

“O objetivo é um tumulto, um tumulto de quem, de forma autoritária inclusive, prega a instabilidade, com a defesa até mesmo da volta da ditadura militar. Veja que isso é previsto na nossa Constituição como crime de lesa-pátria”, afirmou Dias.

Esplanada fechada

Ao mesmo tempo, a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) fechou a Esplanada dos Ministérios para evitar a invasão de caminhões. De acordo com a corporação, a região foi “isolada preventivamente para evitar que caminhões invadam a região. A ideia é proteger os órgãos públicos e manter a ordem”.

A movimentação golpista se dá principalmente em função do silêncio do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Até até o momento, ele não se pronunciou sobre a derrota nas urnas. Por outro lado, há indícios de que os bloqueios ocorrem por orientação de empresários do setor de transportes, e não por parte dos caminhoneiros autônomos.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL-CUT) e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), por exemplo, já se manifestaram contra as “ações antidemocráticas” dos caminhoneiros que bloqueiam as rodovias.