DEM decide abrir processo para expulsar Demóstenes Torres

Brasília – O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou há pouco que o partido decidiu abrir um processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Segundo Agripino, […]

Brasília – O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou há pouco que o partido decidiu abrir um processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Segundo Agripino, o desenrolar do processo deverá durar uma semana, tempo que Torres terá para apresentar a sua defesa. “Pela reiterada perda da conduta partidária, nós decidimos abrir um processo de expulsão do senador Demóstenes Torres. Eu diria que dificilmente o partido tomará outra decisão”, disse Agripino Maia.

Torres é acusado de ligações com o empresário Carlinhos Cachoeira, investigado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Gravações feitas pela Polícia Federal registraram solicitação de dinheiro a Cachoeira, feitas pelo senador e informações privilegiadas repassados por Demóstenes para o controlador do jogo ilegal em Goiás.

O advogado do senador disse hoje que vai entrar com uma reclamação no Supremo Tribunal Federal na próxima segunda-feira (9) contestando o fato de a Justiça Federal em Goiás não ter pedido autorização à Suprema Corte para continuar as investigações envolvendo seu cliente e Carlinhos Cachoeira.

Segundo o advogado Antonio Carlos de Almeira Castro, conhecido como Kakay, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal em Goiás deveriam ter pedido autorização ao Supremo para fazer as gravações telefônicas da Operação Monte Carlo porque Demóstenes Torres tem foro privilegiado por ser parlamentar.  

“Vou fazer uma reclamação contra o Ministério Público e o juiz do Tribunal de Goiás pela ilegalidade que cometeram. É para anular o inquérito”, disse Kakay, ao deixar a casa de seu cliente após reunião. “O que vi nesse processo no que diz respeito a usurpação de competência do Supremo é tão grave que vou fazer uma reclamação”.

Segundo o advogado, Demóstenes só deverá se reunir com o partido quando tiver acesso a todos os autos do processo. Hoje, ele trouxe para o senador 16 volumes do processo e algumas mídias, mas ainda faltam mais duas mídias de conversas e mais volumes do inquérito.  

A Operação Monte Carlo, da Polícia Federa resultou na prisão de Cachoeira e mais 34 pessoas no final de fevereiro. Inicialmente, Demóstenes foi acusado de receber presentes caros de Cachoeira em seu casamento, mas negou conhecer as atividades ilegais do empresário.

Vazamento de interceptações telefônicas colhidas pela PF mostraram, no entanto, que além de conhecer a atuação de Cachoeira, Demóstenes também participava do esquema, interferindo a favor do empresário em assuntos políticos e obtendo em troca o repasse de dinheiro resultante da exploração do jogo ilegal em Goiás.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito para investigar a participação de Demóstenes no esquema. O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, determinou a quebra de sigilo bancário do senador e pediu levantamento das emendas parlamentares do político.

Stepan Nercessian

O deputado federal Stepan Nercessian (RJ) se licenciou do PPS, no último sábado (31). Nercessian foi um dos flagrados pela Operação Monte Carlo, PF em conversas telefônicas Carlinhos Cachoeira. A licença se dará “até que os fatos sejam apurados e esclarecidos”, disse o deputado.

Nercessian também se licenciou de todos os cargos que ocupa na Câmara dos Deputados, inclusive o de membro titular das comissões de Educação e de Segurança Pública.

Assim como o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), Nercessian confirmou que é amigo de Carlinhos Cachoeira, mas negou qualquer envolvimento nos negócios do empresário. “Para tranquilizar, se possível, aos companheiros do PPS, quero lembrar que sou nascido no estado de Goiás, onde tenho uma legião grandiosa de amigos, parentes e conhecidos. E que minha amizade com Carlinhos Cachoeira dura mais de 15 anos, antes portanto de ter exercido mandato parlamentar. E que nossas relações jamais envolveram negócios ou relações políticas”.

Nercessian e Torres não foram os únicos parlamentares flagrados pela Polícia Federal em conversas com Carlinhos Cachoeira. Outros deputados de Goiás, como Carlos Alberto Leréia (PSDB) e Sandes Júnior (PP) também tiveram telefonemas com Cachoeira grampeados pela PF.