De olho em 2010, Rossi tenta tirar PMDB de SP de Quércia

Ex-prefeito de Osasco faz campanha anunciando que apelo por candidatura partiu do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Temer, porém, é membro da chapa da situação em São Paulo

Rossi diz ter atendido a pedido de Temer ao sair candidato, mas presidente da Câmara e do diretório nacional é membro da chapa da situação (Foto: Elton Bomfim/Agência Câmara)

O PMDB de São Paulo realiza convenção neste domingo (13), na Assembleia Legislativa do estado. O encontro define a executiva da legenda e a posição para a eleição ao governo do estado. Enquanto o atual presidente, Orestes Quércia, defende uma aliança com o PSDB, uma outra chapa tenta acabar com a hegemonia do ex-governador.

O ex-prefeito de Osasco e deputado federal Francisco Rossi é candidato de oposição pela chapa “Candidatura própria já”. A principal bandeira do grupo é a expressa em seu nome, impedir uma aliança com os tucanos que, além de pôr em confronto com o movimento do presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, significaria a quarta eleição no estado seguida em que o partido não tem candidatura própria.

“Apesar de ser o maior partido do país, o PMDB está definhando sob o comando de Quércia”, critica Fernando Fantauzzi, candidato a vice na chapa de oposição, em entrevista à Rede Brasil Atual. “Os correligionários se sentem violentados”, sustenta. Segundo ele, os acordos feitos até hoje foram só no sentido de atender aos interesses do próprio Quércia, em prejuízo da maioria.

Segundo ele, as alianças para governador e prefefeito da capital não contribuíram com o partido, apenas ao presidente da legenda. No último pleito, em que Gilberto Kassab (DEM) foi eleito, a indicação da vice Alda Marcoantonio teria sido uma opção exclusivamente de Quércia, o que representou ausência de outras lideranças na gestão.

Apesar de Temer ser apontado por Rossi como “mentor” da chapa e da candidatura de oposição, a assessoria do deputado nega a ação. O presidente da Câmara não só apoia Quércia como faz parte da chapa da situação. O deputado não atendeu à reportagem, mas está confiante na reeleição da chapa.

Fantauzzi acusa os situacionistas de esconder dos filiados a movimentação da oposição. Há relatos, segundo ele, de panfletos que sugerem haver chapa única com o intuito de desmobilizar os insatisfeitos. No site do PMDB, nenhuma menção à disputa interna é feita, embora haja convocações para a convenção.

A única menção a Rossi é ao deputado estadual Baleia Rossi, em uma notícia de quinta-feira (10), dois dias depois de a chapa de oposição ter sido registrada.

Eleições de 2010 em disputa

Quércia manifestou por diversas vezes ressentimento com o PT desde a eleição de 2002, quando considera ter sido passado para trás em um acordo com o partido de Lula para uma dobradinha entre ele e Aloísio Mercadante como candidatos ao Senado. Diversos candidatos a deputado petistas deixaram, nos materiais de campanha, a opção para o segundo senador ou em branco ou com os dados de Wagner Gomes, do PCdoB.

Em 2008, o PMDB paulistano apoiou Kassab em uma aliança que tinha, como uma das moedas de troca, o apoio à candidatura de Quércia ao Senado. Neste ano, ele criticou a manobra da cúpula nacional da legenda em se aproximar do PT, como descartou qualquer forma de apoio a Dilma.

No site estadual, há uma seção espcial para discutir “As distorções do PT“, com críticas diretas aos senadores paulistas e ao governo federal.

O fato é que o presidente nacional do PMDB foi um dos arquitetos de um pré-acordo eleitoral firmado entre o partido e o PT. Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, seria cabeça de chapa e um dos nomes mais cotados para a vice é o de Temer.

Para Fantauzzi, mais importante do que a posição do presidente nacional da legenda é a opção de outras lideranças que pensam como eles. Ele acredita que terão a maioria dos cerca de 700 convencionais esperados para domingo.

Fantauzzi foi assessor de Rossi em disputas eleitorais, bem como chegou a ocupar a secretaria de planejamento da cidade de São Paulo em 2000, no período em que Celso Pitta estava afastado.