CPI da Bancoop ouve cooperados na Assembleia Legislativa

Sessão da CPI durou mais de seis horas (Foto: Maurício Morais) São Paulo – A CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo iniciou nesta terça-feira (4) a fase […]

Sessão da CPI durou mais de seis horas (Foto: Maurício Morais)

São Paulo – A CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo iniciou nesta terça-feira (4) a fase de coleta de depoimentos de cooperados, que deverá prosseguir na semana que vem. Foram ouvidas cinco pessoas, entre elas o escritor Ignácio de Loyola Brandão, cuja esposa é cooperada. Os parlamentares saíram com avaliações distintas após mais de seis horas de sessão. “Os cooperados ajudaram muito para que a gente possa entender esse processo. Começamos a perceber que pode realmente estar havendo falhas do ponto de vista da gestão da cooperativa”, afirmou o presidente da CPI, deputado Samuel Moreira (PSDB).

Já o deputado Vanderlei Siraque (PT) manifestou preocupação no sentido de que a comissão não perca seu foco, que é o de apurar possíveis irregularidades. “Não há outra solução que não passe pela questão financeira”, observou. Por enquanto, acrescentou Siraque, os fatos mostram, basicamente, divergência de valores, sem que haja até o momento algum indício de fraude. Ele disse estar surpreso com o fato de alguns cooperadores terem de três a quatro imóveis, o que sinalizaria um objetivo de fazer investimento e não o adquirir a casa própria. “Para mim, esse fato foi a surpresa do dia. Mas também não é o nosso objetivo de investigação”, afirmou.

Antes de Loyola Brandão, que com a mulher comprou um apartamento para a filha e se queixa de ainda não ter recebido o imóvel (empreendimento Bela Cintra, na zona sul), o primeiro a ser ouvido foi Laurindo Belice. Ele tem dois apartamentos no Jabaquara, quitados, entregues e atualmente alugados e um na Bela Cintra, ainda sem escritura, e está à espera de outro no Brooklin, também na zona sul.

Já Eduardo Mazer relatou que os empreendimentos no Villas da Penha (zona leste), onde tem uma casa (também alugada) apresentam problemas estruturais e que há dívidas cobradas que ele não reconhece. Ele também se queixou da falta de informações a respeito do empreendimento, mesma reclamação de Antônio Molina, que quitou um apartamento no Jardim Anália Franco (zona leste) e questiona um aporte cobrado pela cooperativa, que está sendo depositado em juízo. Por fim, Pedro Galuchi contou ter adquirido duas casas no Village de Palmas, no Tremembé (zona norte) e dois apartamentos no Vila Clementino (zona sul), um dos quais estaria com as obras paradas. 

O presidente da CPI disse estar ciente de que há “problemas gravíssimos”, o que explica a “ansiedade e apreensão” dos cooperados. Segundo ele, os próximos passos incluem ouvir mais pessoas, entre cooperadores e diretores da Bancoop, analisar documentos e fazer diligências nos locais apontados nos depoimentos feitos nesta terça-feira. A próxima sessão está marcada para a terça da semana que vem.

 

CPI da Bancoop 04-05-2010

 

Em Brasília

O tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop, João Vaccari Neto, negou desvios e a existência de recursos públicos na cooperativa. A posição foi reiterada no depoimento na CPI das ONGs no Senado na tarde desta terça-feira. Vaccari é um dos alvos de inquérito – aberto há cinco anos, mas ainda sem denúncia formalizada – do Ministério Público Estadual de São Paulo.

Foi o segundo depoimento do tesoureiro do PT neste ano. Em março, ele foi ouvido pela Comissão de Fiscalização e Controle. “Não houve superfaturamento na Bancoop em nenhuma hipótese, da mesma forma que não houve contribuições a partidos políticos”, assegurou.

Vaccari voltou a acusar o promotor José Carlos Blat de ter uma conduta “midiática” sem apresentar denúncia à Justiça. Ele também rechaçou as afirmações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro sobre as relações com o grupo Schahin, com quem haveria apenas uma relação entre a Bancoop e a empreiteira, no sentido de negociar a conclusão de obras.

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