São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (8) que o avanço da participação feminina nos espaços públicos “não é favor do governo”, mas uma “conquista” das próprias mulheres. Disse que elas não podem se contentar com o que já conquistaram e devem lutar por mais direitos. E deu um puxão de orelha nos homens que ainda não compartilham os afazeres domésticos e os cuidados com a família.

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, Lula reuniu ministras e servidoras para um almoço no restaurante Tia Zélia, em Brasília. O restaurante leva o nome da proprietária, uma imigrante nordestina que construiu sua vida na capital e se consolidou como um tradicional reduto de esquerda.

“Eu sempre digo o seguinte: nunca se contentem com o que já conquistaram. É uma coisa que instiga a gente a querer mais, a exigir um pouco mais. E vocês sabem que o sucesso de participação na vida política, no mundo do trabalho, na vida cultural das mulheres não é favor de governo, é conquista de vocês”, afirmou Lula.

“Eu tenho que agradecer. Ele (Lula) botou meu nome no mundo”, disse Tia Zélia. “Perguntou se eu tinha condições de registrar a empresa, registrei. Hoje, tenho 25 pessoas (trabalhando)”, acrescentou anfitriã do encontro.

Movimento histórico

Além disso, afirmou que a luta pela emancipação feminina é um “contencioso histórico, milenar”, e que as conquistas são recentes, e levam tempo até ser devidamente implementadas. “A gente não consegue mudar de uma hora para outra, não basta estar na Constituição, é preciso incutir na cabeça das pessoas”, destacou o presidente.

Por outro lado, ele disse que os homens ainda estão em dívida. “As mulheres já aprenderam a sair para o mundo, já aprenderam a trabalhar, já foram para o mercado de trabalho, mas nós homens não aprendemos a ir pra a cozinha, não aprendemos a lavar a roupa que a mulher lava, tem que cuidar das crianças que elas cuidam. Então, a gente ainda não compartilha naquilo que diz respeito ao nosso companheirismo.”

Políticas para as mulheres

O governo aproveitou a data para lançar um pacote de políticas, com ações que incluem inaugurações de casas da Mulher Brasileira e centros de referência, investimento em tornozeleiras eletrônicas para agressores e programa de inclusão de jovens no mercado de trabalho. O objetivo é reforçar o enfrentamento a violências – físicas, morais e políticas – contra a mulher. E ao mesmo tempo, ampliar ações para promoção da autonomia econômica e da participação das mulheres em espaços de poder.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também destacou a importância de ocupar esses espaços de poder. “Nós precisamos, todas, convencer nossos chefes e todos que as mulheres têm papel prioritário nas políticas públicas”, disse. Nesse sentido, a ministra citou que 80% das pessoas que passam fome no país são mulheres. “Sabemos que temos muita coisa pra fazer e só venceremos se darmos ao governo federal a cara das mulheres.”