Pelas mulheres

Em defesa das trabalhadoras do campo e da cidade, mulheres do MST protestam pelo país

Atos e ocupações fazem parte da jornada de luta das sem-terra. Pela reforma agrária e contra as violências estruturais contra trabalhadoras

MST Alagoas
MST Alagoas
Com o lema "Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!", a jornada nacional das sem-terra termina nesta sexta, Dia Internacional da Mulher

São Paulo – Em torno de 200 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam, desde a manhã desta quinta-feira (7), a sede da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belém, para reivindicar a demarcação de territórios do norte e nordeste paraense. O protesto faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2024 que teve início ontem e se encerra amanhã, Dia Internacional da Mulher.

Com o lema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”, a mobilização, que ocorre em todas as grandes regiões do país, no campo e na cidade, vem denunciando, como afirmam, as violências estruturais do sistema capitalista que afetam diretamente a vida dessa população, do patriarcado, ao racismo e à LGBTQIAP+fobia. Há uma série de violações, “como as desigualdades sociais, a fome e a pobreza, criadas a partir da mercantilização da vida, dos bens comuns e da natureza, destacando a denúncia da violência cotidiana enfrentada, tanto nos territórios como nas esferas doméstica e política”, diz o MST em nota.  

A jornada também faz a defesa da chamada reforma agrária popular. De acordo com o movimento, a medida é um antídoto contra a violência no campo e contra a fome, por garantir trabalho, renda e dignidade. Assim como o reconhecimento e demarcação de terras indígenas e territórios tradicionalmente ocupados e o acesso às políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis. O que contribui para equilíbrio ambiental e o enfrentamento às mudanças climáticas e das mazelas da insegurança alimentar, conforme destaca o MST.

Jornada de luta

Ao longo destes dois primeiros dias, a jornada vem realizando acampamentos de formação, marchas e negociação a níveis regionais, em órgãos federais e estaduais. O movimento defende essas iniciativas como uma forma de diálogo com a sociedade e o governo. Integrante da coordenação nacional do Setor de Gênero do MST, Lucineia Freitas explica ainda que ações de solidariedade – como distribuição de alimentos oriundos da agricultura familiar – mostram a importância de recolocar a reforma agrária na pauta política brasileira, para enfrentar violências estruturais no contexto agrário. E também fomentar políticas públicas considerando questões como raça e de gênero.

“Enfrentar as violências cometidas contra as mulheres, seja no campo ou na cidade, tem uma centralidade nessa perspectiva e perpassa por enfrentar a fome, aumentar os aparelhos sociais de atendimento às mulheres”, avalia a coordenadora. “Quando a gente fala desses efeitos (das violências), quando a gente fala dos dados da fome, tanto no campo quanto na cidade, isso está vinculado à crise climática, mas também aos conflitos”, acrescenta, lembrando que toda essa mobilização passa pela efetiva implementação da reforma agrária.

O movimento também enfatiza a construção do “Feminismo Camponês Popular” como estratégia de combate ao patriarcado e ao racismo, combatendo toda forma de violência contra as mulheres e a população LGBTI+. “As mulheres do MST destacam a importância da mobilização contínua, não apenas no Dia Internacional da Mulher, mas todos os dias, encorajando a persistência nas lutas por justiça social, igualdade e dignidade, com esperança e determinação”, afirmam.

Confira imagens da jornada pelo país: