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Coligação de Campos e Marina tem dez dias para apresentar novo candidato

Marina Silva pode assumir disputa, mas ainda não se pronunciou. Partidos da base do presidenciável podem optar por apoiar outro candidato e dividir o tempo de TV

Ale Silva/Futura Press/Folhapress

Candidata em 2010, Marina obteve 19,33% das intenções de voto e era a vice mais conhecida na disputa

São Paulo – Com a morte do candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), a coligação Unidos Pelo Brasil, composta por PPS, PHS, PRP, PPL, PSL e PSB, terá dez dias para escolher outro candidato, caso decida continuar na disputa eleitoral que ocorre em outubro.

Campos morreu hoje (13) em um acidente de avião em Santos, no litoral paulista. A aeronave modelo Cessna 560 XL Citacion, prefixo PR-AFA, caiu por volta das 10h, depois de arremeter na primeira tentativa de pouso. Todos os cinco passageiros e dois tripulantes morreram, entre eles o fotógrafo oficial da campanha e o assessor de comunicação de Campos. A candidata a vice na chapa, Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, não estava a bordo.

Além do presidenciável, morreram no acidente os pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins, o ex-deputado federal, Pedro Valadares Neto, o cinegrafista Marcelo Lira, o fotógrafo Alexandre Gomes e Silva e o assessor de imprensa da campanha Carlos Augusto Leal Filho.

“Em uma situação de morte, a candidatura pode ser substituída até na véspera do pleito, mas precisa ser informada dez dias depois do fato. Para isso, a coligação precisa fazer uma reunião e as executivas vão decidir, por maioria, se terão ou não candidato e o quem será”, afirma o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil, Alberto Rollo.

Campos tinha 9% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Ibope, e teria direito a dois minutos e três segundos na propaganda eleitoral na TV. A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, era a vice com maior projeção entre os candidatos mais bem colocados. Ela se filiou ao PSB em outubro, depois que a Rede Sustentabilidade, sigla que vinha gestando desde 2013, não conseguiu comprovar a validade das assinaturas necessárias para ser oficializado.

      Candidata em 2010, Marina obteve 19,33% de votos, o equivalente a pouco mais 19,6 milhões, e era bastante conhecida da população. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo do último sábado (9), Marina protagonizaria o primeiro programa eleitoral gratuito na TV, no próximo dia 19. Ela explicaria ao público por que não era candidata e apresentaria Campos.

      A Unidos Pelo Brasil, no entanto, pode escolher qualquer outro nome ligado aos partidos ou até não prosseguir na disputa. Nesse caso, poderia se juntar oficialmente a outras coligações, provocando a redivisão dos tempos de propaganda de TV.

      Campos formou-se em economia pela Universidade Federal de Pernambuco em 1985. Participou da campanha de Miguel Arraes ao governo de Pernambuco em 1986 e, com a vitória do avô, passou a atuar como chefe de gabinete e organizou a criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado.

      Filiou-se ao PSB em 1990 e foi eleito deputado estadual no mesmo ano. Disputou sua primeira eleição majoritária em 1992 para a prefeitura do Recife, ficando em quinto lugar. Foi deputado federal por Pernambuco por três mandatos consecutivos, entre 1994 e 2007. Em 2004, foi nomeado ministro da Ciência e Tecnologia, no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006). Em 2005, assumiu a presidência nacional do PSB.

      Foi governador de Pernambuco por dois mandatos consecutivos (2007-2014), com apoio de Lula. Foi reeleito com 82% dos votos em 2010. Em setembro do ano passado, liderou o afastamento do PSB do governo Dilma, com a entrega de todos os cargos na gestão. Deixou o governo do estado em abril, para disputar a Presidência da República, tendo como vice a ex-senadora Marina Silva.