Na expectativa

Câmara adia depoimento de Mauro Cid para acelerar agenda econômica

Depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso, fica para semana que vem. Arcabouço fiscal, Carf e reforma tributária são prioridades da Câmara

Alan Santos / PR/Divulgação
Alan Santos / PR/Divulgação
Na sexta-feira (30) Cid prestou depoimento à Polícia Federal e pela primeira vez quebrou o silêncio

São Paulo – A sessão da CPMI dos Atos Golpistas que, nesta terça-feira (4), ouviria o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi adiada para a próxima terça-feira (11). A justificativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é a necessidade de reservar a agenda do dia para votar pautas econômicas.

O arcabouço fiscal e a discussão da reforma tributária são prioridades. Assim, as reuniões de comissões e sessões solenes foram canceladas. Segundo Lira, “as bancadas e as frentes parlamentares se dedicarão ao debate de três pautas para que até o final da semana tenhamos aprovado as matérias”.

Os deputados devem apreciar também o voto de qualidade no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tramita sob regime de urgência. A matéria precisa ser votada porque, enquanto isso não ocorrer, a pauta fica trancada. É possível que o projeto seja votado ainda na noite de hoje.

“Não teremos reuniões de comissões, nem de CPIs ou sessões solenes. É chegada a hora de darmos um salto e aprovarmos uma nova legislação tributária”, postou Lira na manhã de hoje no Twitter.

Na sexta-feira o deputado conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando acertaram a pauta econômica da semana. “Combinamos um esforço concentrado”, disse Lira. O Senado mudou o texto do arcabouço fiscal aprovado na Câmara, que, por isso, tem de votar o texto novamente.

Em nota divulgada hoje, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmou que as sessões do colegiado foram adiadas devido à “intensa” agenda da Câmara dos Deputados.

Leia mais: Arcabouço fiscal, reforma tributária e CPMI do 8 de janeiro: quinzena quente antecede recesso parlamentar em Brasília

Mauro Cid obrigado a comparecer

A defesa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Cid não fosse obrigado a comparecer à CPI, mas a ministra Cármen Lúcia decidiu, na semana passada, que ele é obrigado a ir. Ele tem o direito de permanecer calado e não produzir provas contra si próprio. Entretanto, é “vedado faltar com a verdade quanto aos demais questionamentos não inseridos nem contidos nesta cláusula”, observou a ministra.

Na sexta-feira (30) Cid prestou depoimento à Polícia Federal e pela primeira vez quebrou o silêncio. Ele declarou que não acreditava em golpe de Estado, mesmo com as mensagens e documentos encontrados em seu celular indicando que conspirou para isso. No mesmo dia, o TSE decidiu pela inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos.

De vacina a golpe

Cid está preso desde 3 de maio, quando a PF realizou uma operação da investigação que apura um esquema de fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, de Cid e seus familiares.

Uma perícia da Polícia Federal (PF) no telefone celular do auxiliar de Bolsonaro mostrou trocas de mensagens entre ele e o ex-subchefe do Estado Maior do Exército, Jean Lawand Júnior, tratando de um golpe de estado. Lawand nega (leia aqui).