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Assessoras de Michelle pediam a Cid saques em dinheiro e pagamentos para atender a ‘dama’

PF suspeita que dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do governo federal fosse desviado para atender a “interesses de terceiros”

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
PF: "Conjunto probatório colhido durante o estudo do material apreendido permite identificar uma possível articulação"

‘São Paulo – Duas assessoras da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, Cintia Nogueira e Giselle Carneiro, mantinham diálogos constantes com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O objetivo era pedir saques em dinheiro vivo e pagamentos para atender aos interesses da “dama” ou “PD” – termos que usavam para se referir à esposa do então presidente. As informações são do colunista do UOL Aguirre Talento, a partir de relatório da Polícia Federal obtido pela reportagem.

“O conjunto probatório colhido durante o estudo do material apreendido (inclusive o contido em nuvem) permite identificar uma possível articulação para que dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do governo federal fosse desviado para atendimento de interesse de terceiros, estranhos à administração pública, a pedido da primeira-dama Michelle Bolsonaro, por meio de sua assessoria, sob coordenação de Mauro Cid”, afirma o relatório da PF.

Segundo os advogados de Bolsonaro e de Michelle, as despesas da então primeira-dama eram bancadas com recursos da conta pessoal de Bolsonaro. A defesa nega que existisse desvio de recursos públicos.

As mensagens foram acessadas com autorização judicial. Elas mostram que as assessoras forneciam dados de contas para a realização de depósitos a terceiros, transmitiam pedidos de Michelle para saques em dinheiro e depósitos em espécie para a conta dela.

Quebras de siglo

A PF acessou as mensagens de Mauro Cid após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a quebra do seu sigilo telemático. As conversas estavam salvas na nuvem do celular do então ajudante de ordens. Moraes também autorizou a quebra do sigilo bancário de Cid e outros funcionários do Planalto.

Em reportagens anteriores, o UOL revelou que era usado dinheiro vivo para pagamento de despesas de Michelle Bolsonaro. Mauro Cid chegou a se dizer preocupado com uma possível interpretação dessa prática como “rachadinha”. Aparentemente, ele não foi ouvido.

As primeiras análises do material mostram 13 comprovantes de depósitos em dinheiro feitos por Mauro Cid na conta de Michelle entre março e agosto de 2021, somando R$ 21.500.

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