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Amorim diz que Lula não deverá ir à posse de Milei, mas que relação de Estado vai permanecer

Assessor para assuntos internacionais do presidente Lula afirmou que é possível ter uma relação boa com a Argentina mesmo após a vitória de Javier Milei

Valter Campanatto/ABR
Valter Campanatto/ABR
Apesar das ofensas de Milei a Lula, o relacionamento de Estado entre o Brasil e a Argentina não foi abalado, segundo Amorim

São Paulo – O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deverá participar da cerimônia de posse do presidente eleito da Argentina, o ultradireitista Javier Milei. “Do que eu conheço do presidente Lula, acho difícil que ele vá, porque foi ofendido pessoalmente, mas o Estado brasileiro estará representado”, disse à coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo

Segundo Amorim, o Brasil deverá adotar uma “relação de Estado” com o país vizinho, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. “É possível ter relação boa, mesmo com presidentes de ideologias muito diferentes. Tudo depende da capacidade de colocar os interesses de Estado acima da preferência pessoal. Somos capazes disso. Vamos ver se o presidente eleito da Argentina também será. Esperamos que sim”, disse o diplomata. 

Enquanto isso, o presidente eleito argentino conversou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por videoconferência, que confirmou presença na posse, prevista para 10 de dezembro, em Buenos Aires. Para Amorim, a aproximação entre Milei e Bolsonaro não terá reflexos significativos para o governo brasileiro.

“Essa ligação não tem reflexos para o governo brasileiro. Não vai impedir a gente de tratar a relação com Argentina como um relacionamento de Estado,” afirmou Amorim. Ainda segundo ele, a relação entre Milei e o clã Bolsonaro só resultará em problemas se resultar “interferências internas”. 

Pela manhã, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, defendeu que Lula não fale com Milei até que ele se desculpe. “Eu (se fosse o Lula), só depois que ele me ligasse para me pedir desculpa, ofendeu de forma gratuita o presidente Lula, cabe a ele um gesto como presidente eleito, de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar”, disse Pimenta.