"Tese superada"

Rodrigo Pacheco defende justiça eleitoral e critica ‘auditoria’ de Bolsonaro

“Não cabe a nenhuma entidade privada ou outra instituição a participação na contagem ou recontagem de votos”, disse senador e Presidente da República em exercício

Reprodução/TV Senado
Reprodução/TV Senado
"Responsabilidade pelo processo eleitoral cabe a uma Justiça especializada no Brasil, liderada pelo TSE"

São Paulo – Presidente da República em exercício, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) criticou nesta sexta-feira (6) a afirmação de Jair Bolsonaro, dada em sua live semanal de ontem, de que vai contratar uma empresa privada para fazer uma auditoria das eleições. Segundo o presidente, a empresa será contratada por meio do seu partido, o PL. Terceiro na sucessão, Pacheco assumiu porque Bolsonaro está em viagem no exterior, assim como o vice, Hamilton Mourão, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Porém, cada um deles está em um país diferente.

“A responsabilidade pelo processo eleitoral cabe a uma Justiça especializada no Brasil, liderada pelo TSE”, disse o senador-presidente. De acordo com Pacheco, cabe somente à Justiça Eleitoral zelar pela “confiança dos brasileiros e da sociedade sobre a higidez do processo eleitoral, do processo de apuração das eleições”. “Não cabe a nenhuma entidade privada ou outra instituição a participação na contagem ou recontagem de votos porque esse é um papel da Justiça Eleitoral”, acrescentou.

Segundo ele, os questionamentos de Bolsonaro ao processo eleitoral “não contribuem, e cabe à justiça eleitoral e a todas as instituições reafirmarem a garantia do processo eleitoral e demonstrar isso para toda a sociedade brasileira”. Ele afirmou ter “plena confiança” no sistema em vigor e nas urnas eletrônicas. Lembrou ainda que a tese do voto impresso “foi superada” pelo Congresso.

Recontagem de votos, não

Pacheco admitiu legitimidade na participação privada de empresa especializada para acompanhar a eleição. Mas há limites que excluem “a contagem de votos”. Segundo ele, “não cabe a nenhuma entidade privada ou outra instituição a participação na contagem e recontagem de votos, porque estão no papel da justiça eleitoral”. Acrescentou, ao responder diretamente sobre posições de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, que “questionamentos que não têm justa causa” atrapalham as instituições.

Ontem, no Twitter, o presidente do Senado havia postado que o sistema eleitoral brasileiro, “em 18 eleições ao longo de 25 anos desde a implementação das urnas eletrônicas, não registrou nenhum caso de fraude”.

Viajantes

Na quinta-feira, na chamada live semanal, Bolsonaro falou sobre o assunto com a arrogância conhecida.  “Até adianto para o TSE: essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, ela já começa a trabalhar”, prometeu.

O posto da presidência ficou vago porque Bolsonaro tinha agenda nesta sexta-feira em Georgetown (Guiana), e deve voltar esta note. Mourão desde quinta-feira (5), está em Montevidéu, para encontro com a vice-presidente Beatriz Argimón. Já Arthur Lira viajou para Nova York e não divulgou sua agenda.

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