'Escárnio'

Ministro da Justiça condecora Bolsonaro com mérito indigenista

A homenagem ao presidente que quer abrir mineração em terras indígenas e sempre perseguiu esses povos já está sendo contestada no Congresso

Marina Oliveira/Cimi
Marina Oliveira/Cimi
Marcha de mulheres indígenas em Brasília contra o marco temporal, em análise no Supremo Tribunal Federal

São Paulo – Inimigo declarado dos povos indígenas, o presidente Jair Bolsonaro foi condecorado pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, com a medalha do mérito indigenista. O ato foi publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (16). A honraria foi criada em 1972, para reconhecer pessoas que se destacam pela vida dedicada à proteção e promoção dos povos indígenas brasileiros. 

“É um escárnio que o mesmo governo que tenta liberar a mineração em terras indígenas, colocando em risco a existência destes povos tão perseguidos e maltratados, tenha a desfaçatez de se autoconceder medalhas de ‘mérito’ por todos estes males feitos nos últimos três anos. Ou o Congresso cancela este absurdo ou estará se associando a esta agressão sem precedentes aos povos indígenas”, disse o o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

Molon ingressou Projeto de Decreto Legislativo para sustar os efeitos da Portaria 47/2022, do Ministério da Justiça, que concede a Medalha do Mérito Indigenista a Bolsonaro e também a ministros de seu governo.

“Desde o início do mandato presidencial, no entanto, o governo vem adotando medidas contra os povos indígenas e não em prol de seu bem-estar, proteção ou defesa dessas comunidades. Foi emblemática a fala do Presidente Jair Bolsonaro, em janeiro de 2020, transmitida em suas redes sociais, de que “[c]ada vez mais, o índio é um ser humano igual nós”. Sua fala, racista, marcou sua política durante todo o mandato”, diz trecho da representação.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou hoje que vai contestar o ato na Justiça.


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