'DEI OPINIÕES'

Na CPI da Covid, Osmar Terra confirma reuniões com Bolsonaro: ‘Todos se aconselham com alguém’

Apontado como ‘padrinho do gabinete paralelo’, deputado negou existência do grupo

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Osmar Terra falou sobre seus encontros com Bolsonaro: 'Uma vez por mês, uma vez a cada 15 dias, são encontros esporádicos'

São Paulo – O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) confirmou, em seu depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira (22), que se reúne periodicamente com o presidente Jair Bolsonaro e que dá suas opiniões sobre assuntos relacionados ao combate à pandemia de covid-19. Apontado como membro do “gabinete paralelo”, Terra negou que exista um grupo de aconselhamento.

Na CPI da Covid, Osmar Terra foi questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre as reuniões com Bolsonaro e o parlamentar disse que, durante as conversas, há muitas “convergências de ideias”. Porém, ele negou que suas opiniões influenciem as decisões do presidente.

“São opiniões pessoais, mas o presidente as julga como quer. Ele não é teleguiado por ninguém, ele aceita a informação se acha correto. Todos os presidentes se aconselham com alguém, o que eu faço é manifestar minha opinião”, afirmou Terra.

O deputado disse ainda que sempre conversa com o presidente Bolsonaro sobre diferentes assuntos e não só sobre a pandemia. “Conversei muitas vezes com o presidente sobre muitos assuntos. Uma vez por mês, uma vez a cada 15 dias, são encontros esporádicos. Isso é atividade normal do parlamentar”, confirmou.

Conselhos

Entre as discordâncias com Bolsonaro, Osmar Terra disse à CPI da Covid que sempre defendeu a vacina, mas não sabe o que aconteceu dentro do Ministério da Saúde para a demora na aquisição dos imunizantes. “O que tenho é opinião, não sou gestor.”

Ele negou a existência de um “gabinete paralelo”, como foi apontado por em depoimentos na comissão. “A relação que eu tenho com o presidente é de amizade. Fui ministro. Gosto do presidente. Tenho simpatia. Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa, eu falo”, disse o deputado.

Em seu depoimento na CPI da Covid, Osmar Terra também disse que já se reuniu com o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para propor o monitoramento dos resultados da imunização no Brasil. “Não sei se falei sobre imunidade de rebanho, mas tratei sobre o teste de anticorpos na população para medir a imunidade da população”, relatou o depoente.

O STF e a responsabilidade do presidente

A maior parte do depoimento de Osmar Terra, até o momento, foi pautada na imunidade de rebanho, defendida pelo parlamentar e criticada por diversos cientistas. Em um dos momentos da sessão, Renan Calheiros reforçou que presidente da República repetia praticamente as mesmas posições de Terra sobre o tema e chamou Bolsonaro de “ventríloquo” do parlamentar.

Na oitiva, Terra tentou argumentar que o isolamento social era responsável pelo aumento no contágio da covid-19 e disse que o presidente Bolsonaro estava limitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de agir na pandemia. O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu o argumento. “Não tem mentira maior que dizer que o STF tirou o poder do presidente. Essa é a maior mentira que existe”, disse, acrescentando que Bolsonaro utiliza a pandemia como “justificativa para dizer que prefeitos e governadores são culpados” pela crise sanitária.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) tomou a palavra e também questionou a tese da imunidade de rebanho. “Quando chegou a variante de Manaus, já tínhamos mais 300 mil óbitos. Então, não foram as variantes que fizeram o país perder o controle, foi a sua ideia de imunidade rebanho. A imunidade de rebanho no Brasil, com 200 milhões de habitantes, só se alcança por vacinação. Sua fala não tem respaldo científico algum”, disse Alencar.


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