aos 56 anos

Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro, morre de infarto fulminante

Advogado foi presidente do PSL, coordenou a campanha de Bolsonaro, foi ministro e depois se tornou desafeto da família do presidente, após ser demitido do cargo em meio ao escândalo das candidaturas de “laranjas”

Valter Campanato/Arquivo EBC
Valter Campanato/Arquivo EBC
Ex-secretário geral da Presidência estava em casa quando passou mal e desmaiou. Ele foi levado a um hospital, mas não resistiu

São Paulo – O ex-secretário-geral da Presidência do governo Bolsonaro (sem partido) e pré-candidato a prefeito do Rio (pelo PSDB), Gustavo Bebianno, morreu por volta das 5h30 da manhã deste sábado (14), vítima de infarto. Ele tinha 56 anos e estava em seu sítio em Teresópolis junto com um caseiro e um de seus filhos. Segundo informações, o advogado sentiu-se mal por volta das 4h, foi levado para um hospital da cidade, mas não resistiu.

De aliado a desafeto

Bebianno chegou a ser considerado um dos homens de confiança de Bolsonaro. Ele foi o principal responsável pelo acordo que levou o atual presidente ao PSL, partido que presidia, e também foi o coordenador da campanha eleitoral vitoriosa em 2018.

Mas ele foi também pivô da primeira crise política do governo. foi o primeiro ministro a deixar o atual governo, demitido em fevereiro de 2019, em meio a um racha no PSL que se originou com as suspeitas de que o partido teria lançado candidaturas de “laranjas” como parte de um esquema para desviar recursos públicos do fundo eleitoral.

Até o fechamento desta nota, ainda não havia informações informações sobre o velório. Amigo de Bebianno e presidente estadual do PSDB-RJ, o empresário Paulo Marinho disse que o corpo será velado em uma capela vizinha ao sítio do ex-ministro. Ele deixa mulher e dois filhos.

Suspeitas

Em sua coluna no O Globo, o jornalista Lauro Jardim afirma que “com a morte de Gustavo Bebianno, aos 56 anos por infarto fulminante, uma parte da verdadeira história da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência também será enterrada para sempre. Bebianno detinha segredos da escalada de Bolsonaro ao poder – e de como realmente se passou nos bastidores o ano de 2018, o da eleição. Não era o único. Mas era talvez quem possuía mais informações até hoje não reveladas.”

O jornalista afirma ainda que, desde o rompimento com a família Bolsonaro – as acusações trocadas com Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois, foram públicas e seguida pelas redes sociais – o ex-ministro, em conversas privadas, costumava afirmar que dizia em entrevistas apenas uma pequena parte do que viu, participou e viveu durante a campanha eleitoral de 2018.

“Bolsonaro e seus filhotes”

“Todos que tentam trabalhar terminam alvejados pelas costas. O Brasil ainda vai enxergar quem são Bolsonaro e seus filhotes.” Essa foi a última declaração à imprensa feita por Bebianno. A informação é da coluna “Painel” deste sábado (14) do jornal Folha de S.Paulo. Segundo a coluna, o ex-ministro se referia ao processo de fritura pelo qual passa atualmente o ministro Luiz Eduardo Ramos, que ocupa o mesmo cargo que foi de Bebianno no início do atual governo federal.

As críticas públicas de Bebianno a Jair Bolsonaro e seus filhos se intensificaram nos últimos meses. No programa Roda Viva, da TV Cultura, da segunda-feira (02), ao falar sobre o futuro do atual governo, Bebianno disse temer “por uma ruptura institucional” e afirmou que o principal objetivo de Bolsonaro no governo é a reeleição. “Ele praticamente não trabalha pelo Brasil. O risco é esse, a começar pelos filhos. AI-5 pra cá e pra lá, críticas infundadas a outros poderes”, afirmou.

Durante a entrevista, Bebianno também afirmou que Carlos Bolsonaro atrapalhou o esquema de segurança no dia que Bolsonaro foi esfaqueado, em Juiz de Fora-MG.

“Atrapalhou o esquema de segurança, o que resultou no não uso do colete e naquela tragédia da facada. Nem eu, nem o capitão Cordeiro e nem o Max, do Bope, pudemor ir no carro”, afirmou ao se referir que a equipe responsável pela segurança não acompanhava o então candidato devido à insistência de Carlos Bolsonaro em acompanhar ele mesmo o pai na ocasião.

Com reportagens do Brasil de Fato, Revista Fórum e Carta Capital


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