Tumulto

Prisão de Temer e Moreira Franco é briga de poder, diz Paulo Teixeira

Para deputado, Sérgio Moro e Lava Jato dão resposta ao STF e fazem retaliação contra Rodrigo Maia, após bate-boca entre ministro e presidente da Câmara. Cenário dificulta reformas de Bolsonaro

Will Shutter/Câmara dos Deputados

“As prisões vêm para atrapalhar o governo nas suas pretensões de aprovar reformas”, diz parlamentar

São Paulo – A prisão do ex-presidente Michel Temer e seu ex-ministro Moreira Franco nesta quinta (21), por ordem do juiz Marcelo Bretas, da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, é uma retaliação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atrapalha o governo Bolsonaro e também configura uma tentativa de resposta da força-tarefa ao Supremo Tribunal Federal (STF), na opinião do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). As prisões são ilegais, afirma o parlamentar.

“A prisão, ainda que haja crimes a serem investigados em relação a Michel Temer, é uma prisão arbitrária, porque ele não foi condenado nem sequer em primeiro grau. Adianta-se um processo que não tem razões processuais. Ele tem que responder dentro do devido processo legal”, diz.

Outro aspecto a ser observado, na opinião do parlamentar, é que a Lava Jato e Sergio Moro (ministro da Justiça) fazem uma retaliação contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, genro do ex-ministro das Minas e Energia de Temer.

No Twitter, o ex-deputado e advogado Wadih Damous afirmou que Temer “não merece compaixão”. No entanto, ressalvou: “Mas não aplaudo medidas arbitrárias por parte do Estado. Mesmo contra canalhas”.

Para Teixeira, trata-se de “uma briga de poder” que vai prejudicar as reformas de Bolsonaro. “As prisões vêm  para atrapalhar o governo nas suas pretensões de aprovar emenda constitucional, reforma da Previdência, tumultuando o ambiente, no momento seguinte a um bate-boca do Moro com Rodrigo Maia, que está enfurecido.

Moro cobrou de Maia, na madrugada de ontem (20), que a Câmara desse tramitação rápida ao pacote anticrime, que o ministro apresentou ao Congresso. Maia respondeu que Moro estava “confundindo as bolas” e é um “funcionário do Bolsonaro”.

STF

Outro elemento é que a prisão se dá no momento seguinte às derrotas que a Lava Jato sofreu no STF na semana passada. “A Lava Jato quer colocar o Supremo novamente em dificuldade”, acredita Teixeira. “Isso porque prender Michel Temer é popular, mas ilegal”.

Na semana passada, o STF impôs duas derrotas à Lava Jato. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu nesta sexta-feira (15) o acordo firmado pela força-tarefa da Operação Lava Jato, a partir do qual os procuradores federais pretendiam a criação de uma fundação e a gestão de R$ 2,5 bilhões recuperados da Petrobras. Na quinta da semana passada (14), a Corte decidiu que a competência para investigar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando relacionados a crimes eleitorais, é da Justiça Eleitoral. 

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