Vannuchi

‘Para Lula e movimentos populares, só restou o caminho da mobilização contra golpe’

Analista político da Rádio Brasil atual classifica ações contra Lula como 'violência execrável' e pede que governo Dilma entre em sintonia com o povo para barrar ameaça golpista

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Ação contra Lula desmascara Lava Jato como “operação política de primeira grandeza”

São Paulo – O analista político da Rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, disse hoje (7) que a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última sexta-feira (4), pela Polícia Federal, foi um ato de “violência execrável” praticado contra “o maior líder popular da história do país”. Ele classificou a ação como um golpe, ainda que sem canhões e fuzis, e disse que dependerá da mobilização popular, e de o governo Dilma entrar em sintonia com o povo, para ser este golpe ser evitado.

“Foram dias de DOI-Codi”, afirmou Vannuchi, fazendo menção ao órgão de repressão que agia na época da ditadura (1964-1985), lembrando que a violência arbitrária também se estendeu aos familiares do ex-presidente e assessores do Instituto Lula. “Não existe choque elétrico ou afogamento na Operação Lava Jato, mas há modalidades que, fatalmente, serão consideradas daqui a pouco como práticas sofisticadas de tortura”, disse, em referência às conduções coercitivas e prisões preventivas como forma de extrair depoimentos nas chamadas delações premiadas.

Para Vannuchi, o ponto positivo é que vai cair a máscara de qualquer legalidade que ainda restava na operação Lava Jato. “Tornam, criminosamente, uma operação policial e judicial em uma operação política de primeira grandeza”, afirmou, acrescentando que juízes, promotores e policiais federais envolvidos na operação têm explícita afinidade com o PSDB, o que faz com que as investigações envolvendo tucanos não avancem.

Vannuchi destacou que, no meio jurídico, formou-se um quase consenso em torno dos abusos cometidos, citando declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, do ex-ministro Carlos Ayres Britto e de inúmeros juristas. Ele lamentou a postura do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, que apoiou a suposta legalidade da operação.

O analista lembrou ainda da cooperação da Globo e da Veja à operação. “O que eles querem é a foto. É uma associação entre a operação Lava Jato e a mídia para promover um ato sabidamente ilegal.”

“A ilegalidade e o caráter golpista da operação ficaram estampados aí. A lei é claríssima. Quero ver se os ministros do STF terão coragem, hombridade, honra e dignidade de respeitar a sua missão de guardiões da Constituição.”

“Para os movimentos populares e para Lula, só restou o caminho da guerra, da mobilização”, afirmou o analista, que também condicionou a reação ao realinhamento do governo Dilma, para que não sejam repitadas “medidas sociais e econômicas antipopulares”.

Sobre a nova ameaça, anunciada por jornais, de tornar Lula inelegível por eventual condenação, Vannuchi afirmou que os agentes do Judiciário e do “Partido da Mídia” terão de ter coragem de anunciar que o”povo trabalhador não pode nunca mais votar em um presidente que seja capaz de tirar 40 milhões de pessoas da fome e da senzala, que seja capaz de formar os primeiros engenheiros negros e pobres, através de programas como o Prouni, que seja capaz de caminhar para garantir o problema de abastecimento de água no semiárido nordestino, o Minha Casa, Minha Vida, e sobretudo, com comida para todos, de manhã, de tarde e à noite.”

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