Em semana de audiências com ministros, Via Campesina cobra ações do governo

Nesta semana, cinco ministros receberam lideranças camponesas. Elas acreditam que faltam resultados práticos em áreas como agricultura e internet no campo

Trabalhadores e trabalhadores rurais de 23 estado e do Distrito Federal fazem manifestação em Brasília (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)

São Paulo – O secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, recebem, nesta sexta-feira (26), algumas lideranças dos trabalhadores rurais que mobilizaram a Via Campesina, em Brasília. A reunião servirá para o governo apresentar contrapartida às reivindicações apresentadas pelos camponeses, que concentraram 4 mil manifestantes acampados na capital federal, desde terça-feira (23).

Os integrantes dos movimentos sociais já foram recebidos por cinco ministros, entre eles o da Comunicações, Paulo Bernardo, da Agricultura, Mendes Ribeiro, além do ministro Gilberto Carvalho.

Os trabalhadores cobraram de Carvalho a defesa da reforma agrária, o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho, a aplicação do equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública, além de denunciarem remoções e despejos devido as grandes obras. O secretário-geral assegurou que irá encaminhar as reivindicações à presidenta Dilma Rousseff.

Do ministro Mendes Ribeiro, foi cobrado o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) maior apoio do ministério ao cooperativismo e estruturação de uma política de pesquisa e transferência de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a agricultura familiar e de assentamentos.

Mendes Ribeiro garantiu que o ministério analisará todas as reivindicações. “Política agrícola tem que atender quem nada tem. Temos que aumentar a renda de quem trabalha no campo”, afirmou. Em sua primeira semana como titular da pasta, ele manteve o tom de cordialidade. A Agricultura é considerada pelo movimento de camponeses como uma representação dos interesses do agronegócio.

Em relação à comunicação, os camponeses reivindicaram a universalização e expansão até o campo do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), a implantação de casas digital nos assentamentos, e a construção de rádios comunitárias nas comunidades rurais. As solicitações foram ouvidas pelo ministro Paulo Bernardo, que garantiu dar andamento a todas.

Mesmo com o bom trânsito no governo, os manifestantes reclamaram da falta de ações práticas até o momento. “Temos tido boas reuniões com o governo. A questão é que o diálogo não tem sido traduzido em ação. Essa é nossa insatisfação, essa é nossa indignação. O governo precisa transformar o diálogo em ação concreta para resolver”, disse o coordenador do Movimento Sem Terra (MST), Valdir Misnerovicz.

Mesmo com a falta de ações práticas do executivo, a coordenadora de comunicação do MST, Solange Inês, deu a fórmula para se conquistar os avanços. “A única forma (de avançar) é fazer luta, pressionar, ir para as ruas, fazer mobilizações, se a gente for embora sem nenhuma conquista é complicado para os movimentos sociais”, explicou a coordenadora.