Lula diz que consumo de aposentados compensará reajuste
Sindicatos comemoram reajuste. CUT volta a defender a fórmula do 85/95 para contornar o fator previdenciário
Publicado 16/06/2010 - 18h42
Lula minimizou impactos do reajuste dos aposentados às contas da Previdência em entrevista concedida ao lado do presidente peruano Alan Garcia (Foto: Ricardo Stuckert/Pr)
São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou, nesta quarta-feira (16) as críticas em relação à sanção ao reajuste concedido aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Segundo Lula, o impacto dos 7,7% nos benefícios será compensado pelo aumento do consumo.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) comemorou a sanção do reajuste, mas lamentou o veto à extinção do fator previdenciário. Para o presidente da central, Artur Henrique, é necessário retomar as discussões sobre o modelo 85/95, proposto pelas entidades sindicais.
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Lula garantiu que o governo mantém o compromisso com a rigidez fiscal e o controle das contas públicas. “Possivelmente, o consumo que essa gente vai ter nesses próximos meses vai recuperar parte desse dinheiro em impostos, que o governo mesmo vai cobrar, e que vai ajudar a economia brasileira a dinamizar”, justificou o presidente Lula. O presidente fez as declarações ao lado do presidente do Peru, Alan Garcia, e empresários daquele país, em Manaus (AM).
Lula também procurou descartar o tom eleitoreiro da sanção anunciada na terça-feira (15), atribuindo os benefícios da medida apenas aos aposentados, e não aos candidatos à disputa presidencial de outubro. “Eu não sei por que isso ajudaria a Dilma (Rousseff, PT), porque isso pode ajudaria o (José) Serra (PSDB). Pode ajudar a Marina (Silva, PV), mas, certamente, tem uma pessoa que eu sei que vai ser ajudada: são 8 milhões de aposentados que ganham mais de um salário mínimo”, afirmou Lula.
O reajuste proposto inicialmente pelo governo era de 6,14 por cento, mas o
índice foi elevado no Congresso, o que terá impacto de 1,6 bilhão de reais
nas contas públicas.
CUT comemora
“Antes de o Senado aprovar o projeto que hoje (terça) foi à sanção de Lula, a CUT e a maior parte das centrais sindicais haviam feito um minucioso e amplo processo de elaboração de propostas para melhorar, e bastante, o poder de compra das aposentadorias, e para valorizar o tempo de contribuição dos trabalhadores da ativa”, escreveu Artur Henrique.
Ele sustenta, em nota publicada no site da entidade, que acordo anteriormente estabelecido com as centrais não se restringe a um reajuste pontual nem se limitava a um reajuste de 6,14% em janeiro de 2010. “O trabalho de elaboração e negociação entre as centrais e o governo resultou num projeto que cria uma política permanente de valorização das aposentadorias, semelhante à política que hoje beneficia o salário mínimo”, comemorou.
A chamada fórmula 85/95 refere-se à soma entre idade e anos de contribuição. Ao atingir 85 anos para mulheres e 95 para homens, o trabalhador deixaria de ser prejudicado pelo fator previdenciário. “Além da superação do fator previdenciário, as mudanças previstas pelas propostas incluem novos mecanismos para facilitar a comprovação de tempo de contribuição e para encurtar ainda mais o caminho dos trabalhadores e trabalhadoras até suas aposentadorias e garantir as contas da Previdência”, escreveu o dirigente sindical.
Com informações da Reuters