Venezuela e Bolívia oferecem asilo a ex-agente da CIA Edward Snowden

Maduro expressa 'humanitarismo' a foragido da Justiça americana, enquanto Evo Morales 'reflete e protesta'. Wikileaks anuncia pedido de asilo de Snowden a outros seis países

© MIGUEL GUTIÉRREZ/EFE

Nicolás Maduro durante comemorações oficiais na Venezuela, quando anunciou oferta de asilo político a Edward Snowden

Caracas – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou sexta-feira (5) que o seu governo oferecerá “asilo humanitário” ao ex-consultor da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) norte-americano Edward Joseph Snowden.

“Eu, como chefe de Estado e de Governo da República Bolivariana da Venezuela, decidi oferecer asilo humanitário ao jovem norte-americano Edward Snowden, para que na pátria de Bolivar e de Hugo Chávez, possa viver livre da perseguição imperial norte-americana”, disse.

O anúncio do presidente da Venezuela ocorreu em um desfile militar, em Caracas, durante as celebrações do 202º aniversário da independência do país, em 5 de julho de 1811.

“Eu anuncio aos governos amigos do mundo que decidimos oferecer esta figura do direito humanitário internacional para proteger este jovem Snowden da perseguição do mais poderoso império do mundo contra um jovem que o que fez foi dizer a verdade”, disse Nicolás Maduro.

Morales

Também o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste sábado (6) que Edward Snowden receberá asilo no país caso peça como forma de protesto contra os países europeus que impediram que seu avião trafegasse por seu espaço aéreo por que a bordo estaria o ex-técnico da CIA, procurado pelos Estados Unidos por revelar informação secreta.

“Digo aos europeus e aos americanos que ontem estive refletindo, e acredito que como justo protesto agora daremos asilo se nos for pedido a esse americano perseguido por seus compatriotas. Não temos nenhum medo”, declarou Morales.

O governante fez a promessa em um evento com indígenas da região andina de Oruro, em presença do presidente do Banco Mundial, o sul-coreano Jim Yong Kim, que realiza sua primeira visita oficial à Bolívia.

Morales afirmou hoje que não consegue entender que, “após 500 anos de saque”, alguns países europeus ainda “queiram humilhar” a América Latina.

Outros destinos

Já o portal Wikileaks anunciou pelo Twitter que Edward Snowden, que está desde 23 de julho no aeroporto Sheremetyevo de Moscou, solicitou asilo político a outros seis países.

“Edward Snowden solicitou asilo a outros seis países. Não serão revelados por enquanto devido à interferência dos Estados Unidos”, diz a mensagem no microblog.

Segundo o Wikileaks, Snowden pediu asilo em 27 países, muitos dos quais ou rejeitaram a solicitação ou puseram como condição que o litigante se encontre em seu território.

Os últimos a negar asilo a Snowden foram a Itália e a França – cujo ministro do Interior, Manuel Valls explicou que os EUA “são um país amigo” e “democrático” que tem “uma justiça independente” e com o qual tem convenções de cooperação judicial.

Enquanto isso, Moscou pediu a Snowden que se decida se pedirá ou não asilo político na Rússia, cujo presidente, Vladimir Putin, lhe deu como condição para ficar no país que renuncie a suas atividades contra os EUA.

As autoridades russas deixaram claro, no entanto, que não entregarão Snowden de forma alguma, independentemente das ações que tenha cometido.

Com reportagens das agências Brasil e Efe