Espanha

Rajoy diz que quer ‘dialogar’ com Catalunha, mas não sobre independência

Em carta enviada ao presidente da comunidade autônoma, primeiro-ministro espanhol fala em 'vínculos' que não podem se desatar

David Fernández/EFE

O primeiro-ministro diz que há vínculos entre a Catalunha e a Espanha que não podem se desatar

São Paulo – O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, enviou uma carta ao presidente da comunidade autônoma da Catalunha, Arthur Mas, se oferecendo para conversar sobre a situação do local, após protestos pedindo a realização de plebiscito pela independência. No entanto, Rajoy deixou claro que a discussão sobre a separação catalã está fora de questão, segundo reportou ontem (14) a agência Reuters.
Na carta, recebida hoje por Mas, o primeiro ministro oferece “diálogo sem prazo de validade”, mas sem especificar exatamente o que conversar. Rajoy já disse em situações anteriores que um plebiscito seria inconstitucional.

“Estou convencido da extraordinária relevância que a Catalunha tem para o conjunto da Espanha e a riqueza, pluralidade e singularidade da sociedade catalã”, afirmou Rajoy, de acordo com o jornal espanhol El País. “Penso, dessa maneira, que os vínculos que nos mantêm unidos não podem se desatar sem enormes custos afetivos, econômicos, políticos e sociais.”

Manifestação

Na quarta-feira (11), para lembrar o aniversário de 299 anos da perda de independência da Catalunha, centenas de milhares de pessoas se reuniram para pedir que Madri reconheça a autonomia. Os cerca de 400 mil catalães que se inscreveram para participar da comemoração, segundo a ANC (Assembleia Nacional Catalã), se deram as mãos às 17h14 do horário local, formando um cordão humano de 400 km, chamado de Via Catalana.

A hora da manifestação foi escolhida em referência ao dia 11 de setembro de 1714, quando o reino da Catalunha foi tomado pelas tropas franco-espanholas do rei Filipe V, na guerra de sucessão que também foi marcada pela cessão de Gibraltar aos britânicos.
Pesquisas de opinião indicam que cerca de 52% dos catalães se declaram abertamente a favor da independência e 81% apoiam a iniciativa de um referendo. Quase 60% dos catalães dizem que votariam mesmo se  a consulta fosse decretada ilegal.

O cordão humano pela independência da Catalunha uniu de norte a sul os extremos da região, desde a fronteira com a França até o sul de Tarragona. O movimento se inspirou na cadeia humana de 600 km organizada em 1989 por milhares de cidadãos da Estônia, Lituânia e Letônia para reclamar suas independências em relação à União Soviética. Na ocasião, os organizadores afirmaram que 1,5 milhão de pessoas haviam participado.

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