Liberdade relativa

Projeto que bane TikTok nos EUA expõe contradições do país ‘símbolo da democracia’

A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou nesta quarta (13) uma lei que ordena que a rede social, controlada por uma empresa chinesa, tenha um novo dono nos Estados Unidos para permanecer no país

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O projeto de legislação vem desde o governo do ex-presidente Donald Trump, que dizia que a rede social chinesa representava um risco para a segurança dos EUA

São Paulo – Sob ameaça desde 2020, o TikTok pode ser banido nos Estados Unidos caso a rede social não seja vendida em seis meses para um novo dono no país. A medida faz parte de um projeto de lei aprovado com amplo apoio bipartidário na Câmara dos Deputados dos EUA. Deputados somaram 352 votos a favor da proposta, ante 65 contrários. E levantaram questionamentos entre usuários de redes sociais.

A avaliação é que essa pressão, que mira a empresa chinesa ByteDance, proprietária do TikTok, expõe as contradições estadunidenses utilizadas inclusive para atacar outras nações.

“Venezuela aprova lei que pode banir o Tiktok do país. Mentira, quem aprovou foi a câmara dos EUA, país símbolo do ‘mundo livre’, segundo a Globo e toda a mídia empresarial. Os EUA não aceitam o poder exercido por uma big tech estrangeira, mas ao mesmo tempo querem impor as suas empresas do mesmo setor a outros países. Nada como a liberdade relativa das potências capitalistas”, escreveu na rede X o mestre em Geopolítica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Vinicios Betiol, autor do livro “A arte da guerra online: como enfrentar as redes de extrema direita na internet” (Autografia, 2022).

O projeto de legislação vem desde o governo do ex-presidente Donald Trump. O líder da extrema-direita no país dizia que a rede social chinesa representava um risco para a segurança dos EUA. Isso porque ela estaria se aproveitando de seu poder de alcance para obter dados de usuários americanos. A companhia nega o risco.

Guerra fria por controle

No entanto, a medida ordena que o aplicativo passe a ser controlado nos EUA por um dono local, caso contrário deixará o país. Os deputados aderiram à ideia apesar dos esforços do TikTok para mobilizar seus 170 milhões de usuários nos EUA contra a medida. À agência Reuters, a empresa chinesa declarou ter expectativa de que o “Senado americano considere os fatos e que escute seus eleitores antes de tomar qualquer decisão. Esperamos que eles percebam o impacto na economia, em 7 milhões de pequenas empresas e nos 170 milhões de americanos que usam nosso serviço”, disse após o resultado.

Para começar a valer, o texto ainda precisa passar pelo Senado e também dependerá da sanção do presidente dos EUA, Joe Biden. A Casa Branca, contudo, já anunciou que promulgará a norma, oficialmente conhecida como “Lei de Proteção dos Americanos contra Solicitações Controladas por Rivais Estrangeiros”, assim que for aprovada no Senado.

O projeto ainda enfrentará um caminho difícil na casa legislativa. De acordo com informações do jornal The New York Times, o senador Chuck Schumer, de Nova York, líder da maioria, não se comprometeu a levá-lo ao plenário para votação e onde alguns legisladores prometeram lutar contra ele. O veículo também avalia que se a proposta se tornar lei, a “guerra fria” entre os Estados Unidos e a China será aprofundada dessa vez no campo do controle de tecnologias importantes.

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(*) Com informações da Folha de S. Paulo


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