Lima – O procurador de casos de corrupção do Peru, Julio Arbizu, pediu hoje (22) à Promotoria da Nação para abrir uma investigação de suposto enriquecimento ilícito contra o ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão.
Arbizu declarou que existem indícios suficientes para investigar Fujimori pelo crime, por causa da entrega de uma indenização de US$ 15 milhões a seu ex-assessor Vladimiro Montesinos no ano 2000, após o escândalo que terminou com seu governo (1990-2000).

Semanas após assumir seu terceiro mandato consecutivo em 2000, Fujimori enfrentou uma grave acusação por corrupção, que o forçou a renunciar. Montesinos, que estava envolvido em uma enorme rede de subornos e chantagens políticas, exigiu de Fujimori o valor para abandonar o país.

O ex-presidente pagou a quantia exigida, que provinha do orçamento do ministério da Defesa, no dia 15 de setembro de 2000, segundo determinou a justiça em outro processo pelo qual Fujimori já foi sentenciado a sete anos de prisão.

Os US$ 15 milhões foram devolvidos por Fujimori ao ministério em quatro malas de dinheiro em novembro do mesmo ano, segundo as declarações do ex-ministro da Defesa Carlos Bergamino aos tribunais peruanos.

Embora a justiça tenha condenado Fujimori por desvio de dinheiro público por esse caso, Arbizu indicou que “para a procuradoria, essa investigação é necessária porque não está claro como Fujimori podia dispor facilmente de tanto dinheiro”.

Arbizu acrescentou, em entrevista à agência estatal Andina, que a procuradoria fará “todos os esforços para que o Chile amplie a extradição” de Fujimori para que ele seja julgado por enriquecimento ilícito.

A condenação de Fujimori a 25 anos de prisão corresponde ao assassinato de 25 pessoas e o sequestro de outras duas entre 1991 e 1992, enquanto os outros processos por corrupção contra o ex-presidente têm sentenças menores que não se acumulam.

Uma reportagem do jornal La República publicada hoje incluiu declarações da ex-mulher de Fujimori, Susana Higuchi, nas quais ela afirmou que o ex-presidente costumava lidar com grandes somas de dinheiro no palácio do governo.

Higuchi contou à promotoria que, em 1994, Fujimori apresentou várias caixas de papelão com maços de dinheiro, totalizando US$ 100 milhões, quando tentava convencê-la a não pedir divórcio.

Em outra oportunidade, Higuchi disse ter encontrado US$ 100 mil dentro de uma bolsa de plástico em um caixa-forte do palácio e sua filha Keiko Fujimori também declarou à promotoria em 2001 que seu pai lhe entregava em dinheiro os pagamentos das universidades onde estudavam ela e seus irmãos nos Estados Unidos.

O La República lembrou as investigações realizadas pela empresa Kroll, contratada pelo Ministério da Justiça em 2005, que fracassou em sua tentativa de localizar contas bancárias de Fujimori ao redor do mundo, mas afirmou ser provável que tenha dinheiro oculto no nome de parentes ou amigos próximos.