Congresso no Peru vai investigar governo Alan García

São Paulo – Dois meses depois da posse do presidente Ollanta Humala, no Peru, o Congresso do país aprovou a apuração de ações realizadas durante o mandato do ex-presidente Alan […]

São Paulo – Dois meses depois da posse do presidente Ollanta Humala, no Peru, o Congresso do país aprovou a apuração de ações realizadas durante o mandato do ex-presidente Alan García (de 2006 a 2011). Uma comissão será responsável pela “megainvestigação”, que recebeu 110 votos favoráveis, nenhum contrário e duas abstenções.

As suspeitas giram em torno de crimes de enriquecimento ilícito, corrupção e outros atos praticados por García. A transmissão do cargo ocorreu em 28 de julho. O principal alvo são Decretos de Urgência e Decretos Legislativos que permitiram, segundo seus críticos, concessões lesivas no setor de energia elétrica e exploração de recursos mineirais e hídricos. Parcerias público-privadas também serão analisadas. O grupo composto por deputados de diferentes partidos terá um ano para concluir o trabalho.

O ex-chefe do Gabinete Jorge del Castillo Gálvez e os ex-ministros Enrique Cornejo Ramírez, dos Transportes, Hernán Garrido Lecca, da Saúde, e Aurélio Pastor Valdivieso, da Justiça, devem ser incluídos nas investigações. Isso porque há acusações de que decisões sobre redução de penas poderia ter relação com o crime organizado. Escândalos revelados por grampos telefônicos, em 2008, chegaram a derrubar ministros.

Mesmo o Apra, partido de García, apoiou a criação da comissão, alegando não temer investigações. O ex-presidente sugeria, antes da aprovação, que era vítima de perseguição política, já que não tem responsabilidade nos casos. Ele chegou a admitir que o problema é endêmico no país, causado, entre outros motivos, pela pobreza. E disse que não houve corrupção excessiva em sua gestão.

O parlamentar Javier Dez Canseco, do Partido Socialista, um dos principais defensores da criação da comissão, descarta que se trate de uma caça às bruxas. Para ele, García tem responsabilidades e precisa enfrentá-las, por ter convivido e permitido a corrupção. O Partido Socialista é um dos membros da frente Ganha Peru, que permitiu a eleição de Humala.