Patriota afirma que manifestações não abalam respeito externo do Brasil

Patriota nega comparação entre protestos na Turquia e no Brasil, onde casos de violência foram ‘pontuais’ Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reiterou hoje (20) que as […]

Patriota nega comparação entre protestos na Turquia e no Brasil, onde casos de violência foram ‘pontuais’

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reiterou hoje (20) que as manifestações dos últimos dias tornam o Brasil mais forte. Para ele, as vozes serão ouvidas para promover os avanços desejados. Ao ser perguntado sobre uma eventual repercussão negativa da imagem do Brasil no exterior, Patriota destacou: “O respeito ao Brasil no exterior é muito grande e continua sendo”.

“[A presidenta Dilma Rousseff] deu o tom da reação governamental. Ela disse que o Brasil acordou mais forte. Na medida em que as manifestações sejam pacíficas, as vozes dos manifestantes serão ouvidas”, disse o chanceler, que participa de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Segundo Patriota, os protestos resultam dos avanços já conquistados pela sociedade brasileira, como o aumento da inserção na classe média. “Isso é em função, em grande medida, do fato de que houve avanços importantes da sociedade brasileira, que permite aos jovens e aos outros manifestantes terem outras aspirações e essas aspirações, sendo legítimas, o governo tentará atendê-las”, disse.

Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Patriota rebateu a comparação entre os protestos no Brasil e na Turquia. “É uma situação diferente [se comparada com a Turquia]”, disse ele, que encerrou a viagem a Oslo, onde participou de um seminário sobre segurança e paz mundiais. “As manifestações foram, predominantemente, pacíficas. Ocorreram episódios de violência aqui e ali e, claro, as forças de segurança tem de estar preparadas porque há um grande número de pessoas envolvidas.”

Ele defendeu ainda que a integração regional vá além das negociações comerciais e incluir abordagens sociais em busca da paz e da democracia. Patriota disse que é fundamental ampliar os acordos nas áreas de ciência e tecnologia, educação, saúde e infraestrutura para que os blocos regionais produzam melhorias na qualidade de vida em todas as sociedades.

“Já está se chegando ao esgotamento da relação puramente comercial, resta muito pouco espaço para avançar a área de livre comércio”, ressaltou o chanceler, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado. “O comércio provavelmente não mais deverá ser o vetor de avanço da integração sul-americana”, completou.

Patriota lembrou que existem o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, suspenso temporariamente) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), formada pelos cinco países e mais dez, além de vários agrupamentos regionais. “[Pelos caminhos do desenvolvimento em vários setores] chegaremos à paz, democracia e inclusão social no século 21”, disse ele.

O chanceler abordou no Senado a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru), firmada em junho de 2012, e os efeitos deste bloco para o Mercosul e a Unasul. Patriota elogiou a iniciativa, mas lembrou que há espaço para os vários agrupamentos regionais.

“A Aliança do Pacífico representa uma oportunidade que deve ser compreendida e aproveitada. Mantemos relações próximas”, disse o chanceler referindo-se às relações da Aliança do Pacífico com o Mercosul e a Unasul. Mas ressaltou que na aliança não há a integração física existente no Mercosul e na Unasul.

Estudo elaborado por diplomatas que acompanham o assunto mostra que o Brasil tem isenção total ou reduções significativas de tarifas com três dos quatro países da Aliança do Pacífico, em níveis semelhantes aos que os membros do grupo têm entre si. A exceção é o México. “Na medida em que esses países tenham êxito no desenvolvimento econômico e social, isso só nos trará vantagens”, disse Patriota.

No ano passado, o Brasil vendeu para os quatro países que compõem a Aliança do Pacífico um total superior a mais de US$ 13 bilhões. Para os quatro países, os principais produtos comercializados são alimentos, petróleo bruto, automóveis e motores. Segundo diplomatas, a Aliança do Pacífico é uma nova versão de agrupamentos anteriores, como o G3 (México, Venezuela e Colômbia) e a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) alinhados aos Estados Unidos.

O Mercosul reúne um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,32 trilhões, aproximadamente 275 milhões de habitantes e engloba 65% do comércio exterior. “É a mais bem-sucedida aliança e conseguiu incorporar o comércio intra e extra-zona”, ressaltou o chanceler.