Opositores no Egito, Iraque, Jordânia e Tunísia voltam às ruas

Protesto em Amã, na Jordânia, reuniu 10 mil pessoas, segundo os organizadores (Foto: Majed Jaber/Reuters) São Paulo – Quatro países árabes assistiram, nesta sexta-feira (25), a novos protestos por mudanças […]

Protesto em Amã, na Jordânia, reuniu 10 mil pessoas, segundo os organizadores (Foto: Majed Jaber/Reuters)

São Paulo – Quatro países árabes assistiram, nesta sexta-feira (25), a novos protestos por mudanças políticas. Nas capitais do Egito, do Iraque, da Jordânia e da Tunísia, as manifestações tiveram contextos e demandas diferentes. Apenas no Iraque houve registros de confrontos e mortes.

Duas semanas depois da renúncia de Hosni Mubarak, os líderes militares que governam o Egito provisoriamente até setembro começam a sofrer mais pressões políticas. Eles prometeram, em pronunciamento na quinta-feira (24) impedir uma “contrarrevolução” que representaria a volta do regime anterior.

Em clima festivo e com mulheres e crianças entre os participantes, o alvo desta sexta no Cairo são ministros do gabinete nomeados por Mubarak após o início da onda de protestos. Os ativistas pediram aos militares uma reforma no gabinete e a nomeação de uma equipe formada por técnicos. A manifestação na praça Tahrir – onde se iniciaram os atos no país – também lembrou as forças militares sobre o poder do povo, que pôs fim ao governo de 30 anos de Mubarak.

“As exigências são claras: a renúncia do governo do (primeiro-ministro) Ahmed Shafiq; a libertação imediata dos prisioneiros políticos e a adoção de uma anistia geral que absolva todos”, disse à agência Reuters Safwat Higazie, um líder do conselho formado para proteger a revolução no Egito.

Iraque

Milhares de iraquianos saíram às ruas nesta sexta-feira em todo o país no “Dia de Fúria” em protesto contra a corrupção e a falta de serviços básicos. Ao menos 10 pessoas morreram em confrontos com forças de segurança. Outras pessoas ficaram feridas em um tumulto quando os manifestantes tentaram atacar prédios do governo, e guardas atiraram para tentar dispersá-los.

Os confrontos mais violentos entre manifestantes e forças de segurança ocorreram em áreas conturbadas de Hawija e Mosul, no norte e no sul de Basra. As manifestações foram inspiradas nas revoltas que varrem outros países do mundo árabe, embora no caso iraquiano o foco não seja reivindicar a mudança do regime.

“Estamos aqui para mudar para melhor a situação do país. O sistema educacional é ruim. O sistema de saúde também é ruim. Os serviços vão de mal a pior”, disse Lina Ali, 27 anos, que participa de um grupo juvenil de protesto no Facebook. “Não há água potável, não há eletricidade. O desemprego está crescendo, e isso pode empurrar os jovens para atividades terroristas”, disse ela.

Oito anos depois da invasão norte-americana que depôs o presidente Saddam Hussein, o desenvolvimento no Iraque continua lento, e há escassez de alimentos, água, eletricidade e empregos.

Tunísia

Em Túnis, capital da Tunísia, um grupo de manifestantes, formado majoritariamente por estudantes, pediu a demissão do governo de transição do primeiro-ministro Mohamed Gannouchi. Desde a renúncia de Zine Al Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro, esse foi o maior ato organizado no país, segundo a agência Lusa.

Gritando que “o governo é uma vergonha” e “chega de encenação”, os manifestantes querem renovação de fato. Gannouchi foi o primeiro-ministro de Ben Ali desde 1999. Depois da saída do ex-presidente do país, ele permaneceu na liderança do governo, prometendo uma transição democrática.

Ben Ali é acusado de corrupção e enriquecimento. Os bens dele e da família foram congelados, a pedido das autoridades tunisianas e por determinação da União Europeia.

Jordânia

Em Amã, milhares de pessoas pediram reformas constitucionais, uma semana depois de um protesto semelhante ter gerado repressão da polícia local. Foi a maior manifestação na capital da Jordânia desde o início do movimento de protestos na Jordânia, em janeiro. Nesta sexta, não houve repressão.

Segundo os organizadores, foram 10 mil participantes do “dia da revolta”, convocado por grupos de oposição islâmicos, além de partidos e organizações da sociedade civil.

Com informações da Reuters e Agência Brasil