Opositores de Khadafi já preparam conselho de transição

São Paulo – Opositores do ditador líbio Muamar Khadafi montaram um Conselho Nacional de transição neste domingo (27). Eles negam se tratar de um governo interino, destacando que serão chamadas […]

São Paulo – Opositores do ditador líbio Muamar Khadafi montaram um Conselho Nacional de transição neste domingo (27). Eles negam se tratar de um governo interino, destacando que serão chamadas pessoas de diferentes partes do país para mostrar “o rosto da revolução” que pretende dar fim a 41 anos de governo.

Enquanto isso, as forças contrárias ao ditador tomaram o controle de Zawiyah, 50 quilômetros a leste da capital Trípoli, o que aumenta a sensação de que Khadafi já não tem o país em suas mãos. “Essa é a nossa revolução”, gritava uma multidão de centenas de pessoas com os punhos erguidos, no centro da cidade. Algumas pessoas estavam em cima de um tanque capturado. Até mesmo a capital, que antes registrava poucos movimentos a favor da mudança, tem cada vez mais manifestações.

ONU

No sábado (26), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ratificou as expectativas ao impor sanções contra a Líbia. O Brasil, que preside o órgão máximo da ONU neste mês, classificou como inaceitável a violência empregada por Khadafi na repressão ao povo. Em linhas gerais, as Nações Unidas impuseram o embargo à venda de armas e o congelamento das contas do ditador e de alguns de seus colaboradores ou parentes.

O filho dele, Seif Al-Islam, foi novamente à televisão, desta ver para afirmar que a família é “bastante modesta” e não tem dinheiro no exterior. “Temos vontade de rir quando se diz que temos dinheiro na Europa ou na Suíça. Convenhamos, isso é uma anedota”, indicou.

Enquanto isso, as nações europeias aumentam a pressão para que Khadafi deixe o poder. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considera que a situação é insustentável. “As contínuas violações aos direitos humanos cometidas pelo governo líbio, a violência contra sua população e as ameaças revoltantes feitas causaram uma condenação geral e severa da comunidade internacional”, informou por meio de um comunicado. “As sanções, têm, portanto, como alvo o governo de Khadafi, enquanto protege os bens que pertencem ao povo líbio.”

Até mesmo a Itália, mais próxima aliada do ditador, considera que o fim do governo é inevitável. O ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, informou que os acordos de cooperação entre as duas nações estão suspensos. “Chegamos a um ponto, acredito, que não há retorno”, declarou.

Brasileiros

Chegou neste domingo à Grécia o navio que transportava 148 brasileiros que viviam na Líbia.  De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, não houve registro de incidentes durante a viagem e a embarcação aportou em território grego no início da manhã. Espera-se que todos sigam viagem de regresso ao Brasil na segunda-feira (28) em avião fretado pela Queiroz Galvão, empreiteira para a qual trabalhavam.

Tunísia

O premiê da Tunísia Mohamed Ghannouchi anunciou sua renúncia neste  domingo, também após sofrer uma onda de protestos. “Minha renúncia vai permitir um melhor ambiente na nova era”, disse ele, acrescentando que queria prevenir mais vítimas da inquietação política no país.

Três pessoas foram mortas e muitas ficaram feridas em conflitos entre as forças de segurança e manifestantes desde sexta-feira por causa do papel de Ghannouchi no governo interino. “Minha renúncia é um serviço para o país”, acrescentou ele em pronunciamento na TV. Ghannouchi reafirmou a promessa do governo de realizar eleições em 15 de julho para substituir o ex-presidente Zine al-Abidine Ben Ali.