Mobilizados por redes sociais, espanhóis acampam contra reformas econômicas

Com a aproximação das eleições municipais, grupo apartidário pode mudar rumo das votações

São Paulo – Jovens, ativistas e cidadãos comuns contrários às reformas propostas pelo governo espanhol estão reunidos há cinco dias em ruas das principais cidades. O país passa por crise econômica e apresenta altos níveis de desemprego. Os manifestantes, liderados pela organização Democracia Real Ya!, condenam o sistema bipartidarista e defendem a ideia de que “outra política é possível”.

No próximo domingo (22), os eleitores espanhóis vão às urnas para as eleições municipais e regionais e pesquisas indicam que o conservador Partido Popular (PP) deve sair vitorioso sobre o governista Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Apesar de o objetivo ser a permanência até o dia das eleições municipais e regionais na Espanha, os manifestantes não descartam prolongar o prazo.

Por meio das redes sociais, os organizadores convocaram a população a ir às ruas e protestar contra o governo. Desde o último domingo (15), eles conseguiram reunir cerca de 130 mil pessoas em mais de 60 cidades durante o último final de semana. As manifestações simultâneas ficaram conhecidas como “15-M”, em alusão ao dia 15 de maio.

Criado pela internet, o Democracia Real Ya! é uma organização que representa desempregados, donas de casa, os imigrantes, estudantes e os cidadãos em geral, de acordo com a própria entidade, que se diz apartidária, chegando a ser conhecida como “movimiento nini” por não se enquadrar em nenuma posição política local.

A organização possui mais de 50 mil apoiadores no Facebook, mais de 8 mil seguidores no Twitter e um canal no YouTube. As propostas do grupo chamaram a atenção de esquerdistas radicais espanhóis, que já demonstraram interesse em realizar um trabalho conjunto. Um site foi criado para monitorar os manifestantes das diferentes cidades por meio das hashtags (convenção utilizada nas redes sociais para facilitar o reconhecimento de conversas sobre temas específicos) que se referem a termos das manifestações. As principais são #yeswecamp (sim, nós acampamos), #acampadavalencia (acampamento de Valência) – clique aqui para acessar.

A espontaneidade do movimento, que usa as redes sociais como motor, deu lugar a uma progressiva organização dos manifestantes. Mostra disso são as diferentes comissões de infraestrutura, comunicação, alimentação, ação e atividades, limpeza, e coordenação interna, encarregadas de coordenar e estabelecer um plano de ações para os próximos dias.

As manifestações do movimento “15-M” continuaram nesta quinta com reuniões concentradas na praça da Porta do Sol, famoso cartão postal madrilenho, que recebeu da imprensa a alcunha de “Praça Tahrir espanhol”. A referência à praça no Cairo onde milhares de egípcios exigiram a queda do ditador Hosni Mubarak.

Com informações do Opera Mundi