Crise reduz 43% da migração de brasileiros a países desenvolvidos em 3 anos

Número de pessoas que tentam a sorte em nações ricas caiu em 200 mil de 2008 para 2009. Dados preliminares sugerem que, em 2010, trajetória de queda foi mantida

São Paulo – A migração permanente com destino a países ricos diminuiu de 2008 a 2009 por causa da crise econômica internacional. Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicado nesta terça-feira (12) indica que a migração legal para nações que compõem a entidade caiu 7%. O número envolve pessoas que foram trabalhar ou estudar nos países que fazem parte do grupo e não inclui deslocamentos ilegais.

Considerando-se apenas os brasileiros, a entrada de imigrandes caiu de 101,8 mil em 2007 para para 53,5 mil em 2009, redução de 47,6%. Para brasileiros, Japão e Espanha são os destinos que registraram as maiores quedas no número de imigrantes legais recebidos.

O número de entradas de pessoas originárias da América do Sul nos países da OCDE caiu 36% em 2009 na comparação com 2007 (de 511 mil para 327 mil pessoas). A Espanha também foi responsável pelo resultado.

Mais crise

No mundo, 200 mil pessoas a menos tentaram a sorte em países ricos no período. Ainda de acordo com a organização, dados preliminares de 2010 sugerem que trajetória de queda no fluxo de migrantes prosseguiu. Os países que tiveram maiores reduções foram República Checa, Irlanda, Japão, Coreia do Sul, Itália e Espanha.

Apesar da queda, a gravidade da crise fez a migração cair menos do que esperado, segundo a OCDE. Na visão dos autores do estudo, o envelhecimento da população e queda em taxas de natalidade, sobretudo na Europa, podem representar demanda contínua tanto por mão de obra qualificada como por trabalhadores que aceitem receber salários rebaixados. Fluxos de motivação familiar e humanitária sofreram menos influência da crise.

O número de estudantes cresceu, embora existam dados apenas até 2008, antes do auge da crise. A China responde por um em cada cinco jovens que vão estudar em países da OCDE – são 410 mil dos 2,8 milhões que migram com esse fim. Normalmente, um em cada quatro deles permanece no local onde se aprimorou.

“A demanda por migração de trabalho vai subir novamente”, declarou o secretário geral da OCDE, Angel Gurría, ao apresentar o relatório em Bruxelas. “A globalização e o envelhecimento das populações tornam isso uma certeza”, completou.

Do Brasil

Ainda antes do terremoto seguido de maremoto em janeiro deste ano, a migração de brasileiros para o Japão havia despencado de 30 mil em 2006 para 3 mil em 2009. Em abril de 2009, as autoridades japonesas lançaram um programa de retorno voluntário para os imigrantes desempregados descendentes de japoneses oferecendo ajuda financeira para a volta ao país de origem. De acordo com o estudo da OCDE, 93% das 22 mil pessoas que usaram o recurso são brasileiros.

Na Espanha, a queda do fluxo de brasileiros que pretendiam morar no país caiu de 35 mil em 2007 para 15 mil em 2009. Nos Estados Unidos, a queda ocorreu até 2008, tendo leve aumento em 2009.

Em Portugal, onde os brasileiros representam a maior nacionalidade estrangeira residente (26% da população imigrante total), o fluxo de entrada de brasileiros também já vinha caindo desde 2007 e ficou abaixo de 5 mil pessoas em 2008 e 2009. No entanto, os imigrantes brasileiros, que representavam mais de 20% do total de entradas de estrangeiros em Portugal entre 2001 e 2008, passaram para menos de 10% desse fluxo em 2009.

Em 2009, os brasileiros ainda representaram a terceira maior nacionalidade, em termos percentuais, a entrar em Portugal.

Com informações da Agência Brasil