Em documento, Itamaraty reitera que ‘Taiwan é parte inseparável do território chinês’
Brasil “adere firmemente ao princípio de uma só China”. Documento afirma que governo da República Popular da China é o único legal e representa todo o país
Publicado 14/04/2023 - 16h30
São Paulo – Em um dos itens do longo texto divulgado pelo Itamaraty nesta sexta-feira (14) “sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Global”, o governo brasileiro se coloca de maneira enfática na defesa de uma só China. A declaração conjunta de Brasília e Pequim é mais um documento divulgado no contexto da visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China do líder Xi Jinping. A reiteração pelo Itamaraty da posição brasileira geopoliticamente a favor dos chineses, inclusive em relação a Taiwan, é significativa no momento de tensões outra vez crescentes entre Estados Unidos e China.
“A parte brasileira reiterou que adere firmemente ao princípio de uma só China, e que o governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China, enquanto Taiwan é uma parte inseparável do território chinês. Ao reafirmar o princípio da integridade territorial dos estados, apoiou o desenvolvimento pacífico das relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan. A parte chinesa manifestou o grande apreço a esse respeito”, diz o item 5 do documento (leia íntegra aqui).
A manifestação brasileira não chega a ser novidade, visto que, atualmente, apenas 14 países do mundo reconhecem Taiwan, entre eles, Paraguai, Haiti e pequenas nações do Caribe e do Pacífico. Mas é simbólica. Há pouco mais de um ano, eram 15. Mas Honduras saiu da lista, ao anunciar sua adesão a Pequim e ao princípio de “uma só China”.
O gesto brasileiro é mais um que se soma ao esforço para reaproximar Brasília e Pequim, para apagar definitivamente a fase de pária vivida pelo Brasil, que, sob Jair Bolsonaro, elegeu a China – seu maior parceiro comercial – como alvo de ataques e mentiras.
Chiang Kai-shek e Mao Tsé-Tung
Na semana passada, navios e caças de combate chineses cercaram a ilha de Taiwan com manobras militares. Os exercícios foram uma resposta à visita da presidente da ilha, Tsai Ing-wen, aos Estados Unidos. Como resposta à movimentação militar de Pequim, os Estados Unidos enviaram um contratorpedeiro de mísseis para o mar Meridional.
A China considera Taiwan parte inseparável de seu território. Antes da revolução comunista em 1949, que fundou a República Popular da China sob Mao Tsé-Tung, o gigante oriental era governado por Chiang Kai-shek. O líder nacionalista, conservador e violento tentou, sem sucesso, unificar o país por décadas, a custa de repressão aos trabalhadores urbanos e aos comunistas.
Derrotado na China em 1949, Chiang Kai-shek fugiu para a pequena ilha de Taiwan, com cerca de 36.000 quilômetros quadrados, a 130 km a sudeste da China continental. Desde então, a península está sob comando de um governo autônomo com o apoio dos Estados Unidos.
Os EUA alegam que os chineses preparam uma ofensiva contra Taiwan, o que Pequim responde com o silêncio ou, como na semana passada, manobras militares de grandes proporções.
Provocações
As provocações americanas têm sido mais frequentes nos últimos tempos. Em agosto do ano passado, por exemplo, a então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, pousou em Taipei, capital de Taiwan, na primeira visita de alto nível de uma autoridade norte-americana em 25 anos.
O gesto irritou Pequim e pareceu uma provocação gratuita. A própria Casa Branca se esforçou para desvincular a viagem de Pelosi do governo Joe Biden.
Taiwan, a 130 km a sudeste da China continental
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