Sem pudor

Israel intensifica ataques em Gaza, que chama de ‘limpeza’. Mortos ultrapassam 22 mil

Dos 22 mil mortos, pelo menos 10 mil crianças. Ataques em Gaza ganharam intensidade no fim de ano, particularmente no Dia da Paz Mundial

UNOCHA/Samar Elouf
UNOCHA/Samar Elouf
Embora a proposta argelina tenha recebido 13 votos favoráveis, o voto contrário da delegação norte-americana é suficiente para barrá-la

São Paulo – Israel prossegue com a política de extermínio e expulsão dos palestinos na Faixa de Gaza. Após ataques do Hamás, em 7 de outubro, os ataques israelenses já deixaram mais de 22 mil mortos, de acordo com dados de hoje (2). Ao menos 10 mil são crianças, que compõe a maioria da população de Gaza. Não houve trégua nos primeiros dias do ano. De acordo com informações locais, ontem (1º), ironicamente o Dia Internacional da Paz, pelo menos 207 palestinos morreram nas mãos do exército sionista.

Gaza é a última região autônoma árabe, local que vive um processo sistêmico de investidas militares que os habitantes chamam de Nakba. Processo, este, que perdura desde a criação do Estado de Israel pela Assembleia da ONU, em 1948.

Falta tudo. Sobram bombas

Feridos, no dia, passam de 350. Deslocados da guerra são milhões. A ONU classifica a situação como “apocalíptica“. E Israel não poupa sequer a ajuda humanitária. Às vésperas do Natal, o governo de Benjamin Netanyahu bombardeou comboios humanitários destinados às vítimas do massacre. “Não há lugar seguro em Gaza”, relatam refugiados da guerra e mesmo a ONU, por meio do secretário-geral António Guterrez ou de agências dedicadas ao conflito.

O representante do Programa Mundial de Alimentos, PMA, no território palestino ocupado afirma que “quase ninguém em Gaza tem comida suficiente”. Segundo Samer AbdelJaber, em algumas áreas, nove em cada dez pessoas passaram um dia e uma noite inteira sem comer nada. 

O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder, que retornou recentemente de Gaza, resumiu as condições na região: “Sem água. Sem saneamento. Sem comida. Apenas bombas”.

Neste sábado (30), o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), Thomas White, disse que a população está desesperada por alimentos. “Precisamos de abastecimentos regulares e de acesso humanitário seguro e sustentável em toda a Faixa de Gaza”, escreveu na rede social X, na qual compartilhou um vídeo da chegada de um comboio humanitário a Gaza: “As pessoas estão com fome e desesperadas por comida”.

Massacre contínuo em Gaza

O governo Netanyahu não esconde a pretensão de tomar totalmente os territórios palestinos, ceifando vidas e a cultura que originalmente ocupa a região. Neste contexto, o massecre ainda deve durar. Hoje, Israel anunciou uma retirada estratégica de tropas e tanques que atacavam civis palestinos por solo. Trata-se de uma estratégia de ampliar ataques por bombas para poupar esforços do exército sionista. De acordo com boletim do próprio governo, será uma nova fase de “limpeza localizada” em Gaza.

Nos últimos dias, Israel intensificou ataques, inclusive por terra, na região Sul de Gaza, mais especificamente na cidade de Kahn Younis. Vale lembrar que, ainda nas primeiras semanas de ataques intensivos, o governo israelense ordenou que 1,4 milhão de palestinos deixassem o Norte de Gaza. A expectativa é que os ataques ficariam concentrados naquela área. Contudo, em nenhum momento, Israel abandonou sua estratégia de ataques contínuos a civis, incluindo alvos prioritários como escolas, hospitais e instalações de entidades como Médicos sem Fronteiras e das Nações Unidas.

Em meio às crianças palestinas sobreviventes, Omar, de 7 anos, perdeu os pais e o irmão gêmeo quando sua casa foi atingida pelos bombardeios israelenses. Conheça sua história e como ele tenta manter viva a memória de sua família. Confira: