Apartheid = Nakba

EUA reforçam apoio a Israel, prestes a ser julgado em corte internacional por genocídio

Mais de 600 pacientes fugiram de hospitais em Gaza. Israel promove ataques a instituições humanitárias. Cenário é de crime de guerra

Libertinus / CC
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Os sul-africanos não estão sozinhos. Há quase uma unanimidade internacional sobre os abusos e crimes de guerra de Israel

São Paulo – Israel e África do Sul estarão frente a frente na Corte Internacional de Justiça (CIJ) nesta quinta-feira (11). Mesmo com evidências e apelos internacionais, a Casa Branca reforçou hoje (9) apoio ao regime sionista. “Os Estados Unidos não apoiaram um cessar-fogo”, disse, em coletiva, o coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Enquanto isso, a África do Sul busca apoio internacional para rechaçar o evidente massacre do governo israelense em Gaza. O governo de Benjamin Netanyahu já matou mais de 23 mil pessoas, sendo mais de 10 mil crianças. Os sul-africanos acusam o governo sionista de cometer “atos de genocídio” na Faixa de Gaza. Israel, por sua vez, rotulou essas acusações como “calúnia”.

Em paralelo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou, também hoje, a natureza criminosa dos atos israelenses em Gaza. Entre alvos principais de Israel, hospitais, escolas e entidades como ONU e Médicos sem Fronteiras. A OMS alertou que “profissionais de saúde e mesmo doentes estão fugindo de hospitais” em razão de bombardeios generalizados em todo o território palestino.

Os ataques, agora, estão concentrados no Sul de Gaza, região que concentra mais de 2 milhões de refugiados dos alvos iniciais de Israel, no Norte do último território independente árabe na região. “Estamos assistindo ao colapso do sistema de saúde em ritmo muito rápido”, disse o coordenador de emergências da OMS, Sean Casey. De acordo com ele, mais de 600 pacientes fugiram de hospitais nas últimas 24 horas.

Ação internacional

A nação africana apresentou uma queixa de 84 páginas na Corte Internacional em Haia, no Tribunal Penal Internacional. Eles instam a corte a ordenar prontamente a Israel que “cesse imediatamente todos os ataques militares” em Gaza. Pretória alega que o governo israelense “cometeu, está cometendo e corre o risco de continuar a cometer atos de genocídio contra o povo palestino em Gaza”.

Israel e EUA isolados

Os sul-africanos não estão sozinhos. Há quase uma unanimidade internacional sobre os abusos e crimes de guerra de Israel. Contudo, eles seguram seus atos de extermínio dos palestinos com apoio da maior potência militar do mundo, os Estados Unidos.

Israel, em sua defesa, apela para a história como escudo. Para a prática de atos que se relacionam com o apartheid, que os palestinos chamam de Nakba, eles acusam os oprimidos de praticar o que praticam. O porta-voz do governo, Eylon Levy, afirma que “é trágico que a nação arco-íris, orgulhosa de sua luta contra o racismo, se disponha voluntariamente a lutar pelos racistas antijudaicos”.

História como escudo

Contudo, o Estado sionista que mantém uma política de extermínio de corpos e de cultura contra os – também semitas – árabes palestinos. Israel prometeu “aniquilar” o movimento islâmico palestino. Isso, após os ataques do grupo em 7 de outubro. Na data, sob olhar negligente das autoridades sionistas, de acordo com números israelenses, um ataque do Hamas resultou em cerca de 1.140 mortes, predominantemente civis. Contudo, os ataques sistemáticos contra os árabes na região acontecem periodicamente desde 1948.

Na Faixa de Gaza, o Ministério da Saúde dirigido pelo Hamas relatou 23.084 mortes, principalmente mulheres e menores, até segunda-feira. Os aproximadamente 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, entre os quais 1,9 milhão foram deslocados, de acordo com a ONU, continuam enfrentando uma situação humanitária desastrosa.

Crimes de guerra

Tanto a África do Sul quanto Israel são signatários da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, estabelecida em 1948 em resposta ao Holocausto. Qualquer nação signatária pode levar outra à CIJ em caso de discordância sobre a “interpretação, aplicação ou observância” das regras destinadas a prevenir o genocídio.

A nação africana afirmou estar “totalmente ciente do peso da responsabilidade particular em processar Israel por violações da convenção de genocídio”. Pretória condenou inequivocamente o ataque do Hamas, mas afirmou que nenhuma ofensiva armada, “por mais grave que seja”, poderia justificar violações da convenção.

A África do Sul alega que a ação de Israel em Gaza “busca provocar a destruição de uma parte substancial do grupo nacional, racial e étnico palestino”, destacando o assassinato de milhares de palestinos, deslocamento forçado e impedimento de acesso adequado à ajuda humanitária, levando à fome.


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