24 horas de cessar-fogo

Israel e Hamas prorrogam trégua por mais um dia em acordo fechado de ‘última hora’

Algumas horas antes, o Hamas havia acusado Israel de rejeitar a extensão da pausa temporária do conflito. Inicialmente acordado para quatro dias e prorrogado por 48 horas, cessar-fogo terminaria nesta quinta

Agência Wafa
Agência Wafa
Entre as pessoas liberadas estava Ahed Tamimi, conhecida em todo o mundo por lutar, desde os 13 anos de idade, contra a ocupação israelense no território palestino

São Paulo – Israel e Hamas prorrogaram por mais um dia a trégua nos ataques israelenses contra os palestinos na Faixa de Gaza. O novo acordo foi fechado nesta quinta-feira (30), poucos minutos antes do fim do último prazo estabelecido para o cessar-fogo. Inicialmente acordada para quatro dias e prorrogada por 48 horas, a pausa temporária terminaria às 7h no horário local – 2h em Brasília.

Algumas horas antes, o Hamas acusou Israel de rejeitar a extensão quando o movimento propôs libertar sete reféns e entregar os corpos de três vítimas do conflito. Ao longo dos últimos, também houve denúncias de que acordo não seguiu inteiramente o cessar-fogo. Apesar das violações, o acordo é considerado importante para a libertação de reféns dos dois lados. Os países mediadores do conflito também pressionaram para conseguir a extensão.

A prorrogação por 24 horas foi confirmada pelo Catar, que atua como país mediador. O Exército de Israel anunciou que, “à luz dos esforços dos mediadores para continuar o processo de libertação dos reféns (…) a pausa operacional continuará”. Assim como o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O governo sionista disse ter recebido uma nova lista de “mulheres e crianças” reféns que devem ser libertadas nesta quinta, segundo os termos do acordo.

Libertação

Sem revelar detalhes, o Hamas confirmou em um comunicado a decisão de “prorrogar a trégua pelo sétimo dia”. O grupo armado Hamas vem liberando reféns do ataque de7 de outubro. Em contrapartida, Israel vem libertando palestinos sequestrados há anos – parte deles, adolescentes.

Ao todo, o acordo de trégua já permitiu a libertação de 70 reféns israelenses e de 210 detentos palestinos (mulheres ou menores de 19 anos). Outros quase 30 reféns estrangeiros, em sua maioria tailandeses que vivem em Israel, foram liberados à margem do acordo pelo Hamas. Entre as pessoas liberadas estava Ahed Tamimi, de 22 anos. Ela é conhecida em todo o mundo por lutar, desde os 13 anos, contra a ocupação israelense no território palestino.

Pressão por trégua duradoura

A comunidade internacional pressiona, contudo, por uma trégua duradoura. Ontem (29), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, advertiu que “a faixa de Gaza está sendo destruída em níveis inaceitáveis”. Em reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o chanceler cobrou uma posição responsável dos países e organismos internacionais em relação à destruição no território palestino e à guerra desigual entre o grupo islâmico e o Estado de Israel. Ele mencionou a “espiral de violência” e a “intolerável perda de vidas civis”.

A solução, defendeu, é “um Estado Palestino lado a lado com Israel, com fronteiras reconhecidas internacionalmente e neutras”.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um “verdadeiro cessar-fogo humanitário” e também reforçou que os moradores de Gaza sofrem uma “catástrofe humanitária épica”. O jornal The Washington Post também divulgou nesta quinta que o Papa Francisco ligou para o presidente israelense, Isaac Herzog, pedindo para que ele não responda “terror com mais terror”. Segundo o veículo, Herzog respondeu dizendo que estava fazendo o que era necessário em Gaza para defender o seu próprio povo. O pontífice então argumentou que os culpados devem ser responsabilizados, mas não os civis.

Ataque em Jerusalém

Mais cedo, um ataque a tiros deixou três pessoas mortas e seis feridas, em Jerusalém. De acordo com a polícia de Israel, os responsáveis pelo ataque foram mortos. O caso aconteceu pouco depois do anúncio da prorrogação da trégua entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza pelo sétimo dia.

Os autores seriam residentes de Jerusalém Oriental ocupada e anexada por Israel. Em comunicado, o Hamas disse que os dois eram membros do grupo.