29 de novembro

Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino é lembrado em manifestações no Brasil e no mundo

Criada em 1977, 30 anos após a divisão da Palestina para abrigar o estado de Israel, data ganha ainda um maior simbolismo neste ano frente ao ataque de Israel contra palestinos. Em São Paulo, ato ocorre às 18, em frente ao Masp

Camila Araujo/BdF
Camila Araujo/BdF
Os atos de solidariedade ao povo palestino desta quarta (29) acontecem em capitais e também em cidades do interior de diversos estados do Brasil

São Paulo – Manifestações em todas as regiões do Brasil marcam nesta quarta-feira (29) o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Criada em 1977 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), dias após condenar a manutenção da ocupação militar de Israel nos territórios palestinos, a data ganha ainda maior simbolismo diante da mais recente onda de ataques israelenses à população palestina, em especial a que vive na Faixa de Gaza, sitiada desde 7 de outubro.

Os atos de solidariedade e pelo fim do massacre ao povo palestino estão previstos para ocorrer em diversas capitais e em cidades do interior dos estados. Na capital paulista, a manifestação está marcada para às 18h em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista. (Confira a programação completa no final da matéria).

Este dia 29 de novembro é também o mesmo dia da aprovação da resolução 181 da ONU, de 1947, que recomendou a partilha da Palestina entre judeus e árabes. Após 30 anos dessa resolução, em 1977, os palestinos continuavam sem Estado e acumulavam 10 anos sob ocupação militar de Israel. Foi nesse contexto que a ONU criou o dia para prestar solidariedade ao povo palestino. De acordo com a resolução 32/40 B, a data é necessária para dar “maior divulgação possível de informações sobre os direitos inalienáveis do povo palestino e sobre os esforços das Nações Unidas para promover a realização desses direitos”.

Um povo violado

Desde 1967, os palestinos também contam com a resolução 242, que determinou “a retirada das forças armadas israelitas dos território que ocuparam”. No entanto, a medida segue sem ser atendida e a ONU aponta que hoje, apenas na Cisjordânia, um dos territórios palestinos descontinuados, há 300 colônias ilegais, onde vivem 700 mil israelenses. Além dessa violação, as Nações Unidas também calcula que cerca de 13 mil crianças palestinas já foram detidas, interrogadas, processadas e presas pelas forças de ocupação israelenses desde 2010.

Uma média de 500 a 700 crianças detidas anualmente. Sendo que a maioria delas é acusada por atirar pedras contra veículos blindados do regime sionista. O que pode resultar em penas de 10 a 20 anos de reclusão. As prisões arbitrárias e violações aos direitos das crianças também vieram à tona durante o atual conflito em Gaza no acordo de cessar-fogo para a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

Dos 150 palestinos libertados em cinco dias, a maioria era de adolescentes de 14 a 18 anos, além de mulheres adultas. E dois terços estavam encarcerados sob a chamada “detenção administrativa” que faz com que muitos passem meses e até anos privados de liberdade sem uma acusação formal ou sequer saber pelo que estão sendo punidos. A ofensiva israelense, em reação ao ataque do Hamas, em 7 de outubro, também provocou cerca de 15 mil mortes palestinas, a maioria das vítimas, crianças.

Onda de solidariedade

Os episódios violentos, contudo, vêm provocando uma onda de solidariedade ao povo palestino no Brasil e no mundo.

“Neste Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, todos nós que acreditamos na liberdade e na autonomia das nações exigimos um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza. O sofrimento dos palestinos permaneceu invisível aos olhos do mundo por muito tempo, mas os ataques desumanos de Israel contra civis desarmados mudaram isso nas últimas semanas. Cada vez mais, o mundo exige o fim dos massacres e do apartheid israelense. Liberdade para Gaza e para os palestinos!”, cobrou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A organização Justiça Global também destacou em meio à data que a partilha do território palestino, feita sem consulta, promoveu “diversos momentos de repressão, remoções forçadas, limpeza étnica e ataques aos direitos humanos aos nativos da região”.

Ampliação da trégua

Esta quarta também marca o ultimo dia da trégua entre Israel e Hamas. Mediadores negociam uma nova extensão do cessar-fogo na Faixa de Gaza. Seria a segunda ampliação do acordo que começou na última sexta (24) e foi prolongado por mais dois dias na terça (28). Além de interromper os bombardeios, os esforços de negociação libertaram 180 presos palestinos, todos mulheres ou adolescentes, e 60 mulheres e crianças israelenses que estavam entre os 240 reféns do Hamas.

Os dois lados discutem a possibilidade de a libertação de reféns do grupo islâmico incluir homens ou militares, e não apenas mulheres e menores. Os negociadores do Catar também se reuniram com autoridades do Hamas nesta terça, para avaliar a disposição em concordar com os novos parâmetros. O resultado da discussão não ficou público.

Confira a programação de atos:

Centro-Oeste

Brasília (DF) – 17h – Museu Nacional da República
Cáceres (MT) – 17h – Praça Barão do Rio Branco
Campo Grande (MS) – 17h – Rua 15 de Novembro, Camelódromo
Cuiabá (MT) – 17h – Praça Ipiranga
Goiânia (GO) – 17h – Praça do Bandeirante
Três Lagoas (MS) – 19h – Rua Luís Corrêa da Silveira, 1665

Nordeste

Fortaleza (CE) – 19h – Praça da Estação das Artes
Maceió (AL) – 15h – Praça dos Martírios
Natal (RN) – 17h – Midway Mall
Recife (PE) – 17h – Praça do Derby
Salvador (BA) – 15h – Praça Castro Alves

Norte

Manaus (AM) – 10h – Hemoam (Av. Constantino Nery)
Rio Branco (AC) – 8h – Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Sudeste

Belo Horizonte (MG) – 11h – Auditório da Faculdade de Medicina da UFMG
Campinas (SP) – 19h – Sindicato dos Bancários
Ribeirão Preto (SP) – 17h – Esplanada Theatro Pedro II
Rio de Janeiro (RJ) – 17h – Candelária
Santos (SP) – 16h – Praça das Bandeiras, Gonzaga
São Paulo (SP) – 18h – MASP
Vitória (ES) – 18h – UFES

Sul

Curitiba (PR) – 18h – Praça Santos Andrade
Florianópolis (SC) – 16h – Esquina Democrática
Foz do Iguaçu (PR) – 18h – Praça da Paz
Joinville (SC) – Sinsej (Rua Lages, 84, Centro)
Pelotas (RS) – 17h – Chafariz do Calçadão
Porto Alegre (RS) – 18h – Largo Glênio Peres
Santa Maria (RS) – 17h – Praça Saldanha Marinho
Santa Cruz do Sul (RS) – 18h – Praça da Bandeira
Sant’Ana do Livramento (RS) – 16h30 – Parque Internacional da Fronteira da Paz
Santo Ângelo (RS) – 17h30 – Praça do Brique

(*) Com informações da Agência Brasil e Brasil de Fato