Sem papas na língua

‘Netanyahu é efetivamente um líder de extrema direita’, diz Lula em Dubai

À rede Al Jazeera, presidente brasileiro também criticou o Hamas, mas foi duro com Israel: “Temos grupo que comete terrorismo e temos um Estado que é ainda pior”

Twitter/Lula
Twitter/Lula
Presidente Lula participa da 28ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, em Dubai, nos Emirados Árabes

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como um homem “de extrema direita”. Afirmou ainda que o presidente americano, Joe Biden, não demonstrou “sensibilidade” para frear os ataques israelenses à Faixa de Gaza. O petista está em Dubai, nos Emirados Árabes, na cúpula ambientalista COP28, e deve se reunir com o presidente israelense, Isaac Herzog.

“Ao Netanyahu não digo nada. Ele é efetivamente um líder extremista, de extrema direita, sem sensibilidade com os problemas humanos dos palestinos. Ele pensa que os palestinos não significam nada. Ele precisa aprender que os palestinos precisam ser respeitados, ter suas terras demarcadas”, disse Lula à Rede Al Jazeera, do Qatar.

Lula não poupou o presidente dos Estados Unidos, que dá apoio a Netanyahu. “Não consigo entender como Biden, o presidente do país mais importante do mundo, não cobrou de Israel o fim da guerra. Eles influenciam muito Israel e poderiam ter parado a guerra”, criticou o líder brasileiro.

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Críticas ao Conselho de Segurança

“Está faltando autoridade da parte dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (da ONU), ninguém respeita mais o Conselho. Falta governança no mundo”, continuou Lula. Os membros permanentes do Conselho de Segurança são os países que venceram a Segunda Guerra: Rússia, China, EUA, França e Grã Bretanha.

“Esta guerra é uma clara representação da insanidade humana. Temos um grupo que comete terrorismo e temos um Estado que é ainda pior que o terrorista. São quase 16 mil mortos, sendo cerca de 6 mil crianças.”

A Al Jazeera afirmou em sua reportagem que “o Brasil há muito mantém apoio a uma solução de dois Estados”, Israel e Palestina. “Desde os ataques do Hamas em 7 de Outubro e os subsequentes bombardeios israelitas de Gaza, Lula tem apelado repetidamente a um fim rápido e definitivo dos combates”, anota a publicação.

“Posição de Lula é delicada”

Ela lembra que em outubro o Brasil liderou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo uma pausa no conflito, mas a tentativa foi vetada pelos Estados Unidos. “A posição de Lula em relação a Israel é delicada, mas ele é indiscutivelmente o estadista global mais bem colocado para tentar impedir o massacre”, disse Jayati Ghosh, professor de economia na Universidade de Massachusetts Amherst, citado pela rede do Qatar.

Em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, a publicação disse que o presidente do Brasil “irritou” os líderes ocidentais, ao sugerir que a Moscou e Kiev dividissem a responsabilidade pelo conflito. “Ele apoiou publicamente tanto Xi Jinping como Vladimir Putin para participarem na cimeira do G20 no Rio de Janeiro no próximo ano”, afirmou a rede.

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