Irã diz que reação de parte da comunidade internacional sobre acordo nuclear é imatura

Brasília – O ceticismo de parte da comunidade internacional em relação ao acordo nuclear firmado na segunda-feira (17) entre o Irã, o Brasil e a Turquia não contagiou o governo […]

Brasília – O ceticismo de parte da comunidade internacional em relação ao acordo nuclear firmado na segunda-feira (17) entre o Irã, o Brasil e a Turquia não contagiou o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehman-Parast, classificou nesta terça (18) de “imaturas” as reações dos Estados Unidos e da Alemanha por demonstrarem desconfiança em relação ao cumprimento do acordo pelos iranianos.

As informações são da agência de notícias do Irã, a Irna. Mehman-Parast também chamou as reações de “imediatas”. “Os governos ocidentais não tinham conhecimento das disposições do acordo e a reação que tiveram foi imatura”, afirmou o porta-voz, em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, em Teerã.

Mehman-Parast afirmou que a reação precipitada de alguns países ao acordo foi provocada pela surpresa. De acordo com ele, parte da comunidade internacional não esperava que a negociação ocorresse neste momento e de forma breve. Para o porta-voz, os críticos ao acordo querem limitar as ações do governo Ahmadinejad no que se refere ao seu programa nuclear.

Ao analisar as reações dos Estados Unidos e de seus aliados, o porta-voz criticou o fato de alguns países serem signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas (TNP), mas manterem arsenais nucleares, como os norte-americanos. “Nesse caso estes países seriam considerados responsáveis na comunidade mundial por ignorarem seus compromissos previstos pelas convenções internacionais”, disse ele, sem citar diretamente os nomes, além dos Estados Unidos e da Alemanha.

Pelo acordo, firmado ontem na presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Ahmadinejad, além do primeiro-ministro da Turquia, Tayyiq Erdogan, os iranianos enviarão urânio levemente enriquecido a 3,5% para o território turco. Em troca, o Irã receberá urânio enriquecido a 20% para servir como produto para o abastecimento de reatores nucleares.

Mehman-Parast reiterou ainda que há uma “atmosfera construtiva” estabelecida para aprofundar a cooperação na implementação do acordo, por isso está “otimista” sobre a execução da proposta. Porém, o governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, informou ontem que mantém sua disposição em defesa da imposição de sanções econômicas ao Irã por desconfiar da produção de armas atômicas.

Para outros integrantes da comunidade internacional, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia, o governo Ahmadinejad deve autorizar as vistorias permanentes por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e também mostrar disposição em cumprir regras internacionais.