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Alemanha e França buscam medidas para conter migração e xenofobia

Edifício no sudoeste alemão que serviria de abrigo para refugiados é incendiado durante a noite. Merkel encontra Hollande hoje para debater o problema

Lula Marques / Agência PT

Angela Merkel, chanceler da Alemanha: crise humanitária e aumento da xenofobia

Brasília – Um incêndio destruiu hoje (24) um edifício desabitado que deveria transformar-se em habitação para refugiados, na cidade de Weissach im Tal, no Sudoeste da Alemanha.

Não se sabe ainda as causas do incêndio, mas a polícia não descarta a possibilidade de ter sido um atentado xenofóbico. A cidade já registrou ocorrências contra estrangeiros antes.

Em 2004, um centro para refugiados foi alvo de um atentado protagonizado por um neonazista de 17 anos, que lançou dois coqueteis-molotov contra o prédio.

O aumento no número de refugiados no país é um desafio para as autoridades alemãs, tanto do ponto de vista logístico como político. O estado federal de Baden-Württenberg calcula que, durante este ano, devem chegar 100 mil refugiados ao país.

Nos últimos meses, os ataques contra lares de refugiados em todo país têm se multiplicado. Atualmente, um dos focos de atenção encontra-se em Heidenau, no Leste do país, onde houve confrontos entre grupos neonazistas e manifestantes de esquerda que se solidarizaram com os refugiados.

O vice-chanceler e ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, viaja hoje para Heidenau.

Também hoje, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, reúnem-se em Berlim, para tentar restringir os pedidos de asilo, entre outras medidas para resolver a pior crise de refugiados desde a 2ª Guerra Mundial. Os dois governos procuram respostas mais efetivas para a crise.

“Tem de haver novo ímpeto para se fazer o que já foi decidido e olhar para o problema sob novas perspectivas”, disse uma fonte da presidência francesa à agência de notícias France Presse. A mesma fonte admitiu que as decisões já tomadas na União Europeia “não chegam, não são suficientemente rápidas e não servem”.

As prioridades de Merkel e Hollande passarão por fazer uma lista de países cujos cidadãos não terão resposta a pedidos de asilo, a não ser em circunstâncias excepcionais.

Até agora não tem havido consenso para elaborar esse tipo de lista, o que ilustra a falta de “uma política europeia completa” para lidar com os milhares que procuram refúgio no continente.

Os dois líderes querem também acelerar a instalação de centros de acolhimento na Grécia e na Itália para identificar requerentes de asilo e imigrantes ilegais.

“Enquanto esses centros não forem instalados e não houver solidariedade interna da União Europeia, o regresso dos migrantes aos seus países de origem – que dissuadiria novas chegadas – não vai acontecer”, argumentou a fonte do Palácio do Eliseu, sede do governo francês.

Em Roma, autoridades italianas adiantaram que só no sábado recolheram 4,4 mil migrantes que tentaram atravessar o Mediterrâneo em 22 embarcações – o número diário mais alto dos últimos anos.

O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse hoje que o aumento do número de pedidos de asilo – que este ano deverá exceder 800 mil – é “o maior desafio para a Alemanha desde a reunificação”, em 1990.