Colômbia

Farc propõem substituição voluntária e regulação de cultivos de cocaína e papoula

Grupo afirma que problema não está no plantio, mas nos usos ilícitos, o que leva à necessidade de regularizar ou trocar culturas, e cobra que programa seja financiado pelo Estado

Ernesto Mastrascusa/EFE

Catatumbo (e), ao lado de Luciano Marín, leu em Havana proposta apresentada ao governo da Colômbia

São Paulo – As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) apresentaram hoje (14) um plano para a substituição dos cultivos ilícitos de coca, maconha e papoula, por meio do qual propõem uma adoção voluntária, negociada com as comunidades camponesas e totalmente financiada pelo Estado.

Em Havana, onde são realizadas as negociações para a pacificação da Colômbia, as Farc divulgaram um programa nacional para essa substituição. Segundo o grupo, o problema a ser enfrentado na luta contra as drogas e o narcotráfico não são os cultivos camponeses de coca, papoula e maconha, mas seus usos ilícitos, de modo que “mais do que combater a produção, é preciso regularizá-la ou substituí-la”, segundo o documento lido pelo guerrilheiro Pablo Catatumbo, conhecido como Jorge Torres Victoria.

Assim, o programa proposto pelas Farc “se distancia em sua concepção de políticas de proibição ou interdição e pretende buscar uma saída à problemática econômica e social que levou o setor camponês a se transformar no elo mais frágil de uma empresa capitalista de caráter transnacional”.

O grupo cobra ainda que a substituição se dê em meio a uma reforma agrária a ser realizada de acordo com planos de desenvolvimento alternativos “projetados em de forma organizada e com a participação direta das comunidades envolvidas”.

Esses planos de desenvolvimento “deverão contribuir para garantir as condições de sustentabilidade” dos territórios onde forem implementados, com medidas que regulamentem a produção de alimentos e a realização de outras atividades econômicas que não sejam agrícolas e pecuárias.

Outra alternativa proposta pelas Farc para a substituição de cultivos ilegais é a intervenção direta do Estado colombiano “para regular a produção e o mercado considerando as qualidades alimentícias, nutricionais, medicinais, terapêuticas e culturais” de cultivos como os da folha de coca.

O grupo quer que os territórios que fizerem parte do programa de substituição de cultivos ilícitos sejam desmilitarizados e também excluídos de qualquer projeto de mineração ao ar livre e em grande escala, ou de exploração e extração de hidrocarbonetos. As Farc reivindicam ainda a suspensão de aspersões aéreas de produtos químicos e da erradicação forçada de cultivos.

Com informações da Agência EFE.