Evo Morales é recebido por multidão na Bolívia

após constragimento

Martin Alipaz/Efe

Evo Morales chega à Bolívia como herói, depois de episódio em que países da Europa o sujeitaram a constrangimento internacional

Brasília – O presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou ontem (3) à noite à cidade de El Alto, perto de La Paz, capital boliviana, e foi recebido por uma multidão de simpatizantes, aliados políticos, militares e representantes de organizações não governamentais. Ao descer do avião presidencial, que foi impedido de sobrevoar e aterrissar em quatro países europeus, Morales ouviu o lema das Forças Armadas bolivianas: “Pátria ou morte, venceremos”.

A reação da multidão foi uma resposta ao veto sofrido por Morales na Europa. Anteontem (2), o avião de Morales foi proibido de ingressar no espaço aéreo de Portugal, da França, Itália e Espanha porque havia suspeitas de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estivesse a bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e aguardar em Viena, na Áustria, autorização para seguir viagem. Os governos dos quatro países europeus impediram a passagem do avião.

Ontem à noite, a multidão ignorou o frio de 5 graus centígrados, levando cartazes, bandeiras e flores para aguardar a chegada de Morales. “Nunca vão nos intimidar porque somos um povo que tem dignidade e soberania”, disse o presidente, emocionado. A proibição dos governos europeus mobilizou a União de Nações Sul-Americanas (Unasul,) que promove uma reunião extraordinária para discutir o assunto.

Snowden é acusado de espionagem nos Estados Unidos e está na Rússia à espera da concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os norte-americanos monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. O norte-americano pediu asilo a 21 países, inclusive ao Brasil.

Os presidentes Dilma Rousseff, Humala (Peru), Cristina Kirchner (Argentina), Mujica (Uruguai) e  Correa (Equador) prestaram solidariedade a Morales. Nas declarações, eles consideraram os atos dos governos europeus uma violação à América Latina.

Reação internacional

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse compreender as preocupações do governo da Bolívia, que encaminhou queixa ao órgão depois que o avião presidencial foi proibido de sobrevoar quatro países da Europa e aterrissar. Ban Ki-moon pediu que os governos envolvidos debatam a questão com respeito aos legítimos direitos. Ele se sente “aliviado” pelo incidente não ter causado “consequências para a segurança” do presidente boliviano e de sua comitiva.

A reação de Ban Ki-moon ocorreu por intermédio de comunicado da ONU. “Compreendo as preocupações do governo da Bolívia”, diz o texto. “Estou aliviado por esse infeliz incidente não ter tido consequências para a segurança do presidente Morales e da comitiva.”

O secretário-geral disse ter apelado aos “países implicados que debatam a questão, respeitando os legítimos interesses” em discussão. A Bolívia disse ter encaminhado queixa formal contra Portugal, a Espanha, a França e a Itália por terem fechado o espaço aéreo para a aeronave presidencial.